XXII TC: «…do interior do homem é que saem as más intenções…» - Ano B
Exterior…
Quando olhamos para alguém que passa na rua, com um aspeto físico esbelto:
um sorriso na face, uns olhos azuis brilhantes, um tom de pele moreno e um cabelo sedoso…
ficamos como que em câmara lenta, a olhar para tão bela obra de Deus!
Imediatamente, um pensamento nos assalta: “Meu Deus…que beleza rara!” A beleza é algo que nos faz sonhar.
Quando vemos na rua alguém de rosto sujo e sem sorriso, com um olhar negro e amargurado pela tristeza…
Alguém que se recusa a parar de olhar para nós e que nos faz desviar o olhar…
Alguém que não nos faz sonhar e nos faz penar com a dúvida:
“Meu Deus… que fez este ser humano para chegar a este estado deplorável?”
Lembra-nos que a pobreza humana avassala o nosso peito e a nossa forma de viver!
Para quem tem um coração onde habitam os sentimentos da Felicidade e do Amor é árduo o sofrimento alheio.
É nesta troca de dor e mágoa que ambicionamos a Misericórdia Divina.
Invocamos a presença de Deus e queremos, com todas as nossas forças,
que a maldade termine e que a beleza reine por toda a terra!
Esta Esperança é-nos atirada como MISSÃO:
«…escuta, Israel, as leis e os preceitos que vos dou a conhecer e ponde-os em PRÁTICA…»
Que faremos dos Mandamentos da Lei do Senhor, se os guardarmos num cofre seguro?
NADA! É como se não existissem.
É preciso responder à pergunta: «Quem habitará, Senhor, no vosso santuário?»
e… novamente, é a Palavra que escutamos, constantemente, que nos responde:
«O que não faz mal ao seu próximo, nem ultraja o seu semelhante;
o que tem por desprezível o ímpio, mas estima os que temem o Senhor.»
Está tudo lá… Bem indicado, bem estudado, bem explicado, bem semeado…
Só que não há quem queira ser indicador, quem queira ser estudo,
quem queira ser explicação, quem queira ser semente!
«Sede cumpridores da palavra e não apenas ouvintes, pois seria enganar-vos a vós mesmos.»
A Palavra perde-se… como nuvem que paira no céu até se transformar em gota de água que rega os campos!
A chuva lava e é desejada, mas não há quem se lembre da nuvem, se esta não se transformar em água…
A Liturgia do 22º do Tempo Comum, do Ano B,
quer que a definição das nossas prioridades fique bem delineada!
O que é importante para NÓS? O que é essencial para TI?
O que te faz executar? O que te faz querer algo?
O que te faz respirar? O que te faz VIVER?
Sentira beleza e o carinho… Vera pureza e a alegria!
Não podemos manchar a nossa mente com:
«…imoralidades, roubos, assassínios, adultérios, cobiças,
injustiças, fraudes, devassidão, inveja, difamação, orgulho, insensatez.»
Ficaríamos mais impuros do que o sem-abrigo que nos fita com o olhar! Seríamos o expoente máximo da hipocrisia!
Lava o coração. Deixa-o de molho… Esfrega-o… vai sujar as mãos e os pés na terra fria,
que ambiciona acolher a tua semente de Amor ao Próximo!
Ser Baptizado, ser Cristão, é conseguir transformar o olhar negro e profundamente triste numa bela obra Divina.
Não fiques parado a admirar o exterior!
Tenta fazer um Raio-X e encontrar o coração puro e belo que habita em cada ser.
Executa a Palavra! Mostra à humanidade que a beleza dos teus olhos está na ação dos teus braços quando abraças,
na pureza dos teus passos quando vais ter com aquele que sofre, para seres nuvem que rega e lava…
Sorriso exterior sujo, mas puro e humilde que faz crescer e dá AMOR!