Desafios da fé: confronto
Ao viver rodeado de uma cultura tão diferente da nossa originária, temos no meu entender que fazer um esforço para perceber o porquê de certas atitudes antes de julgar. Nem sempre é fácil. Vai um bocadinho contra a natureza humana.
Imaginem que vivem num sítio onde dificilmente há confronto. Confronto de ideias, de opiniões ou desavenças. Aqui evitam-se as perguntas e os desentendimentos. Diz-se que sim a tudo e segue-se com a vida para a frente. Desde pequenos, os tailandeses, são ensinados a não confrontar os pais, os professores, os amigos. Ninguém. Sobretudo os mais velhos a quem se deve um respeito e obediência infindáveis. Não devem sequer colocar questões em sala de aula. Aprende-se a ignorar e esperar, afinal o tempo traz respostas para tudo.
Posto isto, trago-vos um exemplo sui generis: O templo de Wat Phra Nang Sang. Este espaço fica perto da minha casa e é o templo que o meu professor de língua e cultura Tailandesa frequenta. Um dia pedi-lhe uma visita guiada e ele aceitou o desafio. Entre muitas histórias e explicações, contou-me que este templo, que estava agora a terminar uma longa renovação, tinha estado muito tempo abandonado. O monge a quem tinha sido atribuída a responsabilidade de cuidar deste espaço, não era muito dinâmico e o templo esmoreceu. Não tinha atividades, não estava bem tratado e tinha muito poucas visitas da população. A comunidade estava descontente e por isso começou a frequentar outros templos.
Poderiam ter feito alguma coisa, mas não. Limitaram-se a esperar que o monge partisse para outras zonas seguindo a sua missão. Esperaram calmamente muito tempo: 25 anos! Sem qualquer tipo de pressões, ou represálias, simplesmente foram fazer as suas oferendas a para outro sítio. Um verdadeiro exemplo de paciência.
Assim que o monge saiu, a comunidade uniu-se e pôs mãos a obra. Cortou o mato a volta dos edifícios, fez pinturas e restauros e começou a organizar atividades. Começava assim um novo tempo pra o templo de Wat Phra Nang Sang.