Desafios da fé: A noiva do monge
Era uma vez uma adolescente do sul da Tailândia, muito bonita, de pele dourada e longos cabelos negros e fortes. Foi criada no seio de uma família muçulmana, a família da mãe. O pai do Laos, era um pai ausente.
Na escola, como tantas outras raparigas da sua idade, conheceu rapazes e raparigas, estudou e divertiu-se.
Aos 18 anos apaixonou-se e começou a namorar com um rapaz de quem era amiga desde os 15. Gostavam muito um do outro e davam-se muito bem apesar das suas diferenças e dos desafios que se adivinhavam. O rapaz era budista e sabia que se continuassem a namorar e se quisessem casar, mais tarde ou mais cedo, ele teria que se converter. Felizmente ele estava disposto a isso e este casal de namorados, já em tempos de universidade celebrou um compromisso mais sério e ficaram noivos. As famílias vendo os jovens felizes aceitaram bem a sua vontade.
No entanto, antes do casamento, havia um importante desejo a cumprir.
No Budismo há varias correntes. Na corrente tailandesa mais popular, os filhos rapazes por volta dos 20 anos devem ser monges por algum tempo. Esta ação traz mérito a toda a família mas sobretudo aos pais a quem neste caso será garantido o céu.
Para os budistas, o monge é monge enquanto o quiser ser, afastando-se completamente da sua vida civil e social por alguns dias, meses ou anos. No dia em que quiser volta à sua vida “normal”.
O rapaz, antes de se converter à religião muçulmana, achou que deveria então cumprir com o seu dever de filho e ser monge por algum tempo, por respeito à sua família e sobretudo aos seus pais, garantindo-lhes assim o paraíso.
Ela compreendeu e apoiou, no entanto sabia que não havia prazos. Poderia ser um mês, um ano... Ninguém sabia ao certo. O tempo que ele precisasse.
Enquanto ele esteve no templo ela tinha uma enorme curiosidade em saber como estava a ser o seu dia-a-dia e por que caminhos iam as suas meditações e pensamentos. Ela queria manter o contacto, mas não deveriam. Houve um afastamento drástico e praticamente deixaram de falar. Ela, apesar de compreender, tinha o coração destroçado.
O rapaz ficou no templo 6 meses e quando saiu não a procurou. Ela sabia que ele tinha saído mas não o procurou. Só voltaram a falar depois de um ano e… já era tarde.
Ela sentiu que o tempo deles já tinha passado e ele percebeu que o tempo dela, ao contrário do dele, nunca tinha parado.