Sou Missionário!
Esta afirmação advém do facto de todo o batizado ser santo e missionário. Todo o cristão é chamado à santidade, e já santo por causa da redenção operada por Jesus Cristo na cruz. Mas é algo que alcançará plenamente nesse encontro último com Deus. Até lá, pela Graça obtida no batismo, é missionário. É chamado a uma conversão constante e a um anúncio contínuo deste amor de Deus.
Outubro é o mês missionário. A 21 celebraremos o Dia Mundial das Missões que tem como lema «Juntamente com os jovens, levemos o Evangelho a todos». O Papa Francisco já convocou para 2019 uma mês missionário extraordinário, por ocasião do centenário da Carta Apostólica Maximum Illud, de Bento XV. Neste sentido os bispos portugueses promovem um Ano Missionário que começou ontem e vai até outubro do próximo ano. Pretendem assim que "façamos todos – bispos, padres, diáconos, consagrados e consagradas, adultos, jovens, adolescentes, crianças – a experiência da missão. Sair. Irmos até uma outra paróquia, uma outra diocese, um outro país em missão, para sentirmos que somos chamados por vocação a sermos universais”.
Segundo dados da Fundação Fé e Cooperação (FEC), 1028 portugueses dedicaram-se e/ou ainda se dedicam a ações de voluntariado missionário em 2018. 421 jovens e adultos fazem-no em países em desenvolvimento e 607 em atividades de missão em Portugal.
Claro que estes dados são aproximados porque nem todos comunicam à FEC as suas ações. Como foi o meu caso, partilhado nas redes Facebook e Instagram do iMissio, que estive juntamente com a Marta Arrais, também cronista nesta plataforma, e com a Jú Gomes Ferreira, em Cabo Verde durante 15 dias a trabalhar com duas instituições locais que apoiam crianças a nível da educação e alimentação.
Analisando os dados da FEC, percebemos que Missão, não significa necessariamente partir para o estrangeiro. Aproximadamente, 60% dos missionários fizeram-no um pouco por todo o nosso país. Portanto, não será assim tão difícil, durante este Ano Missionário, sair um pouco das nossas zonas de conforto e ir ao encontro do outro, talvez mais necessitado de palavra de coragem e esperança do que nós.
Esta é a primeira forma de ser missionários: a oração e a proximidade às pessoas. Todos nós, não só os bispos, padres e consagrados, somos chamados a conhecer os nossos vizinhos e conterrâneos. Devemos, humildemente, rir e chorar com eles. Se perdermos este contacto com o restante povo, cristão ou não, perdemos toda a nossa humanidade. Esvaziamo-nos em comentários hipócritas sobre o sofrimento dos outros sem, no entanto, "mexermos uma palha", porque nos esforçamos a encontrar uma enorme quantidade de desculpas.
A única estrada para a Igreja é viver os problemas como desafios e não como obstáculos. O Senhor está vivo e operante. É necessário andar pelo mundo a revelar a sua presença. Por isso quero terminar esta crónica, não com o individualismo do título, mas com o: «Somos Missionários!»
Um operante Ano Missionário.