O AMOR não se sabe revelar...

Crónicas 19 maio 2017  •  Tempo de Leitura: 2

«O AMOR, quando se revela,

Não se sabe revelar.»

Presságio - Fernando Pessoa


Somos feitos de amor e por amor, mas temos imensa dificuldade em explicá-lo.

Não o sabemos revelar, nem demonstrar.

Torna-se, muitas vezes, difícil de fazer chegar esse amor a alguém.

É difícil reproduzi-lo através das palavras e dos atos.

No meio de tamanho sentimento, as palavras tornam-se quase nada e chegam até a ser chatas.

No meio de tamanho sentimento, os atos tornam-se gestos sem qualquer ordem e significado.

O amor reflete-se mais facilmente no olhar de cada um de nós.

E no meio de tanta desordem de atos e palavras, apenas desejamos que esse amor faça o seu caminho, mesmo que caminhe através de palavras malditas, de gestos incompreendidos ou de revoltas sem sentido.

É esta a forma mais vulgar do ser humano...

Tem tanto, mas tanto amor guardado em sim que, na maioria das vezes, não sabe como pô-lo a "render".

Quando há tamanho sentimento o ser humano não sabe como falar:

"Quem quer dizer quanto sente

Fica sem alma nem fala,

Fica só, inteiramente!".

E este é o segredo de todo e qualquer tipo de amor.

O amor não precisa de muitos gestos, nem de muitas palavras.

O amor para se revelar exige, unicamente, presença.

O amor para se revelar precisa que fiquemos inteiramente.

O amor para se revelar necessita que fique a originalidade e, para isso, é obrigatório demonstrar o bom e o mau.

Procuramos, tantas vezes, fórmulas para amar e sermos amados e esquecemos necessitamos de nos entregarmos inteiramente sem que compliquemos aquilo que é tão simples.

Como verdadeiros seres de relação temos de perceber, de uma vez por todas, que essa união só existe se o amor estiver presente. E esse amor só se pode manifestar se nos fizermos verdadeira presença. Se nos deixarmos viver em verdadeira comunhão.

Não deixemos que o amor fique escondido.

Não deixemos que o amor não seja revelado.

Não deixemos o amor camuflado.

Façamo-nos presentes. Façamo-nos portadores de amor.

Deixemo-nos estar inteiramente!

Nasceu em 1994. Mestre em Psicologia da Educação e do Desenvolvimento Humano. Psicólogo no Gabinete de Atendimento e Apoio ao Estudante e Coordenador da Pastoral Universitária da Escola Superior de Saúde de Santa Maria. Autor da página ©️Pray to Love, onde desbrava um caminho de encontro consigo mesmo, com o outro e com Deus.

 

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