O AMOR não se sabe revelar...
«O AMOR, quando se revela,
Não se sabe revelar.»
Presságio - Fernando Pessoa
Somos feitos de amor e por amor, mas temos imensa dificuldade em explicá-lo.
Não o sabemos revelar, nem demonstrar.
Torna-se, muitas vezes, difícil de fazer chegar esse amor a alguém.
É difícil reproduzi-lo através das palavras e dos atos.
No meio de tamanho sentimento, as palavras tornam-se quase nada e chegam até a ser chatas.
No meio de tamanho sentimento, os atos tornam-se gestos sem qualquer ordem e significado.
O amor reflete-se mais facilmente no olhar de cada um de nós.
E no meio de tanta desordem de atos e palavras, apenas desejamos que esse amor faça o seu caminho, mesmo que caminhe através de palavras malditas, de gestos incompreendidos ou de revoltas sem sentido.
É esta a forma mais vulgar do ser humano...
Tem tanto, mas tanto amor guardado em sim que, na maioria das vezes, não sabe como pô-lo a "render".
Quando há tamanho sentimento o ser humano não sabe como falar:
"Quem quer dizer quanto sente
Fica sem alma nem fala,
Fica só, inteiramente!".
E este é o segredo de todo e qualquer tipo de amor.
O amor não precisa de muitos gestos, nem de muitas palavras.
O amor para se revelar exige, unicamente, presença.
O amor para se revelar precisa que fiquemos inteiramente.
O amor para se revelar necessita que fique a originalidade e, para isso, é obrigatório demonstrar o bom e o mau.
Procuramos, tantas vezes, fórmulas para amar e sermos amados e esquecemos necessitamos de nos entregarmos inteiramente sem que compliquemos aquilo que é tão simples.
Como verdadeiros seres de relação temos de perceber, de uma vez por todas, que essa união só existe se o amor estiver presente. E esse amor só se pode manifestar se nos fizermos verdadeira presença. Se nos deixarmos viver em verdadeira comunhão.
Não deixemos que o amor fique escondido.
Não deixemos que o amor não seja revelado.
Não deixemos o amor camuflado.
Façamo-nos presentes. Façamo-nos portadores de amor.
Deixemo-nos estar inteiramente!