XXXIII TC : «…quando os seus ramos ficam tenros e brotam as folhas…»

Crónicas 18 novembro 2018  •  Tempo de Leitura: 5

Angústia…
Aquela dor que nos sufoca o peito.
Aquele nó na garganta que obstrói o ar e não o deixa chegar aos pulmões.
Aquela mordaça que barra as palavras para que não cheguem aos ouvidos daqueles que precisam de escutar.
Aquele “esqueleto” que sabemos que habita no armário e nos impede de o abrirmos.

 

O que me angustia, verdadeiramente, é ver, é escutar, é sentir e ter a certeza de que o mal vence,
quando eu me acobardo e me escondo atrás desse mesmo mal, ao aceitá-lo em silêncio!
O tempo do Bem ser campeão nacional já foi há muito tempo…
Não temos memória de quanto é BOM viver sem angústia. As estrelas e a lua adornam a noite! O Sol ilumina o dia!
O que nos falta? Temos tudo… podemos tudo e tudo nos é permitido ter e fazer!
Eis a Angústia maior: Somos deuses do tudo e não nos apercebemos que este tudo é nada!

 

Para aquele que acredita em Deus e na Sua Palavra;
para aquele que quer o bem e tem a Raiz do seu coração na Esperança,
a Sua Vida trará um novo alento e atenuará a angústia deste Tempo:
«Os sábios resplandecerão como a luz do firmamento e os que tiverem ensinado a muitos o caminho da justiça
brilharão como estrelas por toda a eternidade.»

A tua “Sabedoria” (se preencher e morar no teu coração) será força e luz para os outros! Serás exemplo!
Serás… Serás o que tu quiseres ser, se aceitares viver a angústia e cantares alegremente:
«Senhor, porção da minha herança e do meu cálice, está nas vossas mãos o meu destino. 
O Senhor está sempre na minha presença, com Ele a meu lado não vacilarei.»
Esta alegria de Ser diferente e esmagar com os próprios pés, e sem medo o mal,
ao ergueres bem alto a bandeira de sempre estar pelo bem, ao lado do bem e a praticar o bem,
fará de ti um Sacerdote, um Profeta, um Rei, que sabe viver plenamente o Seu Baptismo.
Serás uma gota no oceano que cabe no cálice que o Cristo bebeu, ao perdoar-te hoje, amanhã e para sempre,
como tu terás de perdoar: hoje, amanhã e para sempre pois:
«Onde há remissão dos pecados, já não há necessidade de oblação pelo pecado.»

 

Hoje, a liturgia do 33º domingo do Tempo Comum, angustia-nos a mente e acalma-nos a Alma!
«Ele mandará os Anjos, para reunir os seus eleitos dos quatro pontos cardeais,
da extremidade da terra à extremidade do céu.»

 

Já olhaste para a tua figueira hoje?
Estarão «os seus ramos ficam tenros e brotam as folhas?»
Não consegues entender, pois não?
Ainda não sentiste a Angústia… a dor do que é não ter, não mudar, não Ser!
E… como não és agricultor… mais uma coisa que é quase remota e vive lá atrás, no passado…
Também não te dá sabedoria, nem entendimento, pois não?
Então, manténs a cabeça erguida e caminhas sem rumo, mas pensas que estás bem…
Nem sentes qualquer tipo de angústia…

 

Não te afastes do mal sem que aniquiles esse mal! Não o deixes crescer… nem aguardes para amanhã…
Serás tão mau quanto os que o praticam!
Não queiras ser “A gota” do oceano… Por norma, quando se é “A gota” o cálice transborda e perde-se o vinho…
Sê mais uma gota que anseia Ser escolhida como eleita pelo Pai, pois não deixou de fazer o bem!
Por muito que o bem te angustie e te traga dor… Tu sabes no teu íntimo que…
«o Filho do homem está perto, está mesmo à porta.»

 

Aquelas dúvidas que te rodeiam como nuvem preta, numa tarde de Verão, 
serão dissipadas pela tua conduta fácil, de viver, de dar e Ser Perdão e Paz!
Abre a porta a Cristo! Não aos homens e às mulheres!
Abre as portas a ti próprio e muda o mundo…
Deixa-te inundar pela angústia da Figueira que permite, com dor,
que as folhas brotem e o fruto seja abundante e saboroso…
E não temas! Não tardará!… o Verão está a chegar!

Liliana Dinis

Cronista Litúrgica

Liliana Dinis. Gosta de escrever, de partilhar ideias, de discutir metas e lançar desafios! Sem música sente-se incompleta e a sua fonte inspiradora é uma frase da Santa Madre Teresa de Calcutá: “Sou apenas um lápis na mão de Deus!”
Viver ao jeito do Messias é o maior desafio que gosta de lançar e não quer esquecer as Palavras de S. Paulo em 1 Cor 9 16-18:
«Porque, se eu anuncio o Evangelho, não é para mim motivo de glória, é antes uma obrigação que me foi imposta: ai de mim, se eu não evangelizar. (…) Qual é, portanto, a minha recompensa? É que, pregando o Evangelho, eu faço-o gratuitamente, sem me fazer valer dos direitos que o seu anúncio me confere.»

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