Esta semana perdi o meu avô paterno. Como tal, esta crónica, muito mais do que uma homenagem à sua pessoa, será o relato puro e sincero de um neto que admirava a sua personalidade e, acima de tudo, a sua humanidade.

O meu avô era e ficou conhecido como aquele que junto de todos espelhava a serenidade deste Deus no qual deposito toda a minha fé e a minha vida. O meu avô ficou conhecido como aquele que sorria para tudo e para todos transmitindo a certeza de que, por muito que o mundo seja cruel ou não ofereça o que desejamos, haverá sempre algo ou alguém que nos sustenta e nos guia. No seu velório todos recordavam as suas caminhadas que, apesar dos seus 95 anos, transmitiam jovialidade e uma vontade de viver como ninguém.

A sua forma de ser e de estar, pronunciada pela sua paz e pela sua simpatia, revelava uma força descomunal que só poderia vir de um coração de guerra que era somente alimentado pelo combustível do amor.

A verdade, caros leitores, é que em todos estes anos que convivi com o meu avô nunca vi as suas lágrimas a não ser num único momento: ele chorava incessantemente quando se dirigia, na Eucaristia, para tomar o Senhor. Que ato tão belo!

Parece um relato digno de glorificar os santos (e a verdade é que acredito que caminhou sempre em direção à santidade), mas é muito mais do que isso. É um facto comprovado não só por mim, mas por todos os que lhe viam na missa de sábado à noite.

Nunca fui capaz de lhe questionar o porquê do seu choro naquele momento, mas quero acreditar que chorava de alegria por saber que em Jesus Cristo tudo era renovado, por saber que podia ser participante do mais sagrado que existe à face da terra: o corpo d'Aquele que nos sustenta.

Acredito, profundamente, que agora junto dos braços do Pai chorará ainda mais de alegria por ter sido recebido pela misericórdia e pelo amor de Deus que fez parte da sua vida em todos os momentos e circunstâncias. E estará agora no Reino dos Céus a realizar na mesma as suas caminhadas de sorriso no rosto e saudando todos os que passam por ele!

Joaquim da Silva Dias - 11.03.1923/ 27.01.2019 - Pai, Avô, Bisavô e Sogro descansa em paz junto de Nosso Senhor Jesus Cristo e Sua Mãe Maria Santíssima