Compadeceu-Se...
"Ao desembarcar, Jesus viu uma grande multidão e compadeceu-se dela,
porque eram como ovelhas que não têm pastor."
Mc 6,34
Este é um dos muitos episódios em que Jesus ao dar-Se de caras com as multidões que Lhe seguiam Se compadece. Deixa-Se tocar por aqueles que, deixando as suas casas, seguiam-No para que a sede das suas vidas fosse saciada com as Suas palavras, com as Suas curas e com a Sua divindade elevada em plena humanidade.
O Filho do Homem deixou-Se e deixa-Se compadecer. Corria-Lhe, nas veias da Sua vida, a compaixão, por isso é que no Seu coração só cabia um Deus que fosse Pai. Um Deus que fosse misericordioso e compassivo. E tudo isto se reflete na Palavra que Lhe vinha à boca. A Palavra por Si proclamada era maturada pela oração do Pai que Lhe rezava constantemente ao Seu coração.
Jesus compadeceu-Se e continua a compadecer-Se porque sente, muito mais do que as dores e o sofrimento, a vida que acontece em todos nós. Deixa-Se comover com a obra prima de Seu Pai. Comove-se, de tal forma, que não é capaz de nos enviar de volta para casa sem que a nossa existência encontre em Si o sentido, a paz e a felicidade necessária para voltarmos aos passos da vida. Jesus não consegue ficar indiferente às nossas andanças por mais sinuosas que sejam as linhas do nosso caminhar.
Não consigo ficar indiferente a esta passagem. Comovo-me sempre que penso nestas palavras. Um Deus que Se comove. Um Deus que está em tudo e em todos.
E esta semana, ao pensar nesta passagem específica, tentava decifrar como seria o Seu olhar, o Seu falar e a forma como todas aquelas pessoas se deixavam envolver.
Ao longo da nossa Quaresma e do nosso caminhar não tenhamos a mínima dúvida que também hoje, Jesus, continua a compadecer-Se e a rezar a Sua vida em todos os momentos da nossa história.