Somos salvos pelo diálogo!
Somos salvos pelo diálogo. Somos salvos pelas palavras que se deixam incarnar nas nossas vidas e que nos relembram que nos realizamos nesta comunhão comunicativa que nos alegra e nos aviva. É através deste encontro verbal que nos colocamos face a face com o outro e, por instantes, nos deixamos intercalar entre entoações e suspiros para que a palavra aconteça em nós. É ali entre pausas e verbos que conjugamos a nossa vida repleta de ação à espera, muitas vezes, de um mero sinal de compaixão que nos eleve para a verdadeira salvação.
Somos salvos pelo diálogo. Somos salvos pelas conversas de café que nos ajudam a dar bom nome a tantas e tantas vidas como prova de que só nos realizamos quando o bom, o bem e o belo são verbalizados. Surge a salvação numa comunicação sincera e autêntica que não procura fins, mas os meios de tudo e de todos, para que entre partes se faça um todo, genuíno e verdadeiro, capaz de dizer o que quer que seja e, assim, sermos uns com os outros e uns para os outros. É neste encontro que toda a nossa vida é escrita, portanto deve ser desenrolada sem manhas, nem farsas. É nesta procura pelo outro e pela sede de se querer ser mais que se deve empenhar todas as palavras que nos definem, para que a conversa perdure e se alongue como verdadeira manifestação da nossa realização.
Somos salvos pelo diálogo. Somos salvos pela conversa, porque é através dela que as nossas existências ganham sentido numa presença que sabe ser, estar e escutar. Somos salvos pelo diálogo que nos deixa experimentar e perceber, verdadeiramente, a humanidade que é tocada e exaltada em sílabas que nos abanam e nos inquietam.
Somos salvos pelo diálogo, porque é aí que habita o Verbo. É aí que a ação da nossa vida se torna presença viva diante dos nossos olhos e dos nossos corpos. É ali, no Verbo incarnado em nós, que nos fazemos portadores de uma salvação que não acontece em moralizações ou leis, mas em palavras que se deixam recitar ao ritmo do coração e da oração.