É melhor não desistir. É melhor não recuar quando sentimos o medo a percorrer a história da nossa vida. Não ficarmos, uma vez mais, para presenciarmos e saborearmos o dom da vida, não nos traz seguranças, mas sim uma indiferença para connosco e para com os outros. Torna-nos mais fechados. Mais magoados. Mais revoltados com aquilo que poderíamos ter sido ou feito, ou pelo que achamos que os outros deveriam ter sido e feito. 

É melhor não desistir. É melhor não fugirmos quando nos sentimos atacados e deixamos cair por terra os nossos mecanismos de defesa que nos ajudam a construir camadas impenetráveis cheias de certezas e de convicções sobre tudo e todos. Não se ganha vida quando nos desligamos. Nunca se ganha nada quando se vai retirando um pouco daquilo que somos em nós e nos outros. Quando deixamos de perder tempo, quando nos deixamos de importar, estamos a dizer ao mundo que a vida não faz sentido. Dedicarmo-nos uns aos outros e uns com os outros é sabermos que nos vamos chatear, discutir e porventura até magoar, mas quando a entrega e o interesse é verdadeiro há que saber conciliar através do reconhecimento e da humildade. 

É melhor não desistir. É melhor não desistir se não quisermos que não desistam de nós. É sempre mais fácil ir embora. É sempre mais vantajoso não ficar para restituir aquilo que foi despedaçado por nós. Não se deve ficar por masoquismo, mas também não se deve partir por facilidade e verdadeiro comodismo egoísta. Deve-se ficar quando não se falou tudo, quando não se desenhou na nossa existência a sinceridade das palavras e dos gestos. 

É melhor não desistirmos, enquanto não for dito e feito o suficiente. Enquanto não forem reconhecidas as maravilhas de se andar com o coração nas mãos em todos os momentos e circunstâncias!