Atenção
“A atenção, no seu mais alto grau, é o mesmo que oração. Pressupõe fé e amor.” (Simone Weil)
Se rezasse mais estaria mais atento? Rezar não é útil. Rezar é mergulhar em Deus. Não preciso de um lugar especial, basta deixar que a vida e Deus se embrenhem de tal modo que não consiga separar um do outro.
A atenção pressupõe fé e amor porque, se não confiar e for dom-de-mim, abraço a distracção proveniente da desconfiança, e desprezo aqueles a quem me podia doar. Mais cedo ou mais tarde, se não doar, irá doer.
Dói pela oportunidade perdida de viver o tempo presente, ficando preso ao passado a viver o remorso, em vez de aprender com o passado para melhor acolher o futuro. Esse é o resultado de um atitude mental atenta.
Passo pelas ruas, corredores, cafés, e vejo muitas pessoas desatentas. Isoladas no seu mundo digital a enviar uma mensagem superficial, ou um emoji banalizado. É estranho como são muitos os que não se dão conta de se desligarem do mundo real à sua volta, para se ligarem ao mundo virtual na ponta dos dedos.
Poucos são os que rezam voltados para cima. Não porque em cima esteja o Céu. Para mim, não há lugar para o Céu. Olhar para cima é o gesto natural de respirar o sentido elevado de tudo o que se refere a Deus.
Diminuem os que rezam voltados para o outro. Atentos à sua voz, bebendo de cada palavra, como se não existisse mais ninguém no mundo senão a pessoa que tem diante de si. Não que não ligue aos outros, mas por cada um ser um encontro com Deus nele.
E se fôssemos um sinal de esperança? E se demonstrássemos um desapego tecnológico, diferente do desprezo pela tecnologia, mas controlando-a ao dar-lhe o devido lugar?
Um dos maiores apegos modernos distractivos é o smartphone, mas reconheço como entrou nas nossas vidas porque se tornou uma peça fundamental de comunicação com os outros. Porém, se porventura sentes-te apegado a ele, de tal forma que o personificas, sugiro três simples gestos concretos.
- Põe-no a “dormir” noutra divisão da casa, não junto a ti.
- Deixa-o no móvel de entrada quando chegas a casa. De cada vez que precisas dele, vai lá e deixa-o lá.
- Mete o ecrã com cores cinzentas.
O efeito é transformativo. A tua vida muda. Recuperas mais do que a atenção. Recuperas a potencialidade daquilo que a tua vida pode ser. Não vás somente pelo que te partilho. Experimenta.