Um dia houve alguém que nos olhou!
Um dia houve alguém que nos esperou. Alongou o seu tempo em nós e dedicou-nos a vida. Sentou-se diante da nossa humanidade e deu-lhe a atenção e o carinho de quem se decidiu que o amor acontece quando se fica mais inteiro e verdadeiro. Decidiu esperar para que a nossa vida não ficasse em lista de espera.
Um dia houve alguém que nos esperou. Esperou-nos em quedas e em euforias. Esperou-nos em abraços que embalam e em colos que nos beijam. Esperou-nos deixando que o silêncio fossem as suas palavras de conforto e acolhimento. Esperou-nos como quem anda de esperanças depositando sempre em nós a sua eterna esperança.
Um dia houve alguém que nos esperou. Esperou-nos porque soube, antes de tudo e de todos, que na espera está escrita a maior de todas as dedicações. Na sua espera ficou escrito que todos têm uma morada permanente. Na sua espera ficou desenhado o Evangelho de quem não caminha só. Na sua espera foi-nos dada a alegria de recomeçarmos sempre que decidirmos parar diante de nós e dos outros.
Um dia houve alguém que nos esperou e usou a espera para que tantos e tantas nascessem de novo. Deu-lhes tempo para ter tempo e colocou no seu tempo a oração tantas vezes depositada em corações sem tempo. Deu-se, porque só quem se dá tem a capacidade de esperar. Só quem se dá tem a sabedoria de se deixar tocar pelo novo tempo que pode surgir em tudo e em todos.
Um dia houve alguém que nos esperou e nem o cansaço o desesperou. Um dia houve alguém que nos esperou e deixando-se ficar recebeu-nos de braços bem abertos!