A vida é uma preciosidade e uma fragilidade. Um tesouro em vasos de barro! Perante ameaças como o COVID-19 ou coronavírus, é-nos mais fácil perceber que "não é uma coisa nossa", mas um dom de Deus. Podemos tentar dominá-la desde a sua conceção até à morte, através de melhores condições ou pondo-lhe termo, como é o caso do aborto ou da eutanásia, ela sempre nos surpreende…

Reconhecer a sua fragilidade é um passo importante, porque nos tornamos conscientes da sua vulnerabilidade e da nossa responsabilidade para com todas as vidas.

E este é o primeiro passo para perceber e interiorizar que a nossa fragilidade não habita só a nossa dimensão física. Somos limitados para além do corpo. Também o nosso agir no mundo sofre dessa fragilidade. Erramos como familiares; como amigos; como vizinhos; como conhecidos; como cidadãos; como profissionais… Pecamos como cristãos!

Porém, esta verdade não diminui este tesouro. Pelo contrário, evidencia o doador deste dom e a sua ação, a Graça Divina. Deus escolheu-nos, humanos débeis e pecadores, para continuar a sua ação no mundo. Na história da Igreja sucedem-se períodos de graça e pecado, esplendor e opacidade, sinal que a ação do Espírito Santo é continua e purificadora.

Não devemos ter vergonha de reconhecer esta fragilidade, seja enquanto seres humanos na nossa realidade pessoal e social, seja enquanto cristãos em Igreja. Jesus fez-se homem assumindo toda esta fragilidade humana.

Em Cristo a nossa fragilidade deixa de ser uma maldição para ser lugar de encontro com o Pai e nascente de uma nova força que vem do alto. Jesus na sua incarnação revelou a misericórdia de Deus.

Depois de reconhecer os nossos erros e os nossos limites, o segundo passo está em ter a vontade de encontrar remédio. Como cristãos devemos reconhecer as contradições do nosso testemunho, tantas vezes preenchido com estilos de vida mundanos, silêncios sobres questões fundantes da vida, da ética, da solidariedade, da moral… Esquecemos tantas vezes de "ser sal da terra e luz do mundo"…

A Quaresma que amanhã, Quarta-feira de Cinzas, começa é um tempo favorável para a redescoberta desta vontade. Tem como tema «Em nome de Cristo, suplicamo-vos: reconciliai-vos com Deus.» (2ª Coríntios 5, 20)

Uma Santa Quaresma.