IºQ: «Naquele tempo, Jesus foi conduzido pelo Espírito ao deserto...»
“Por todos os fiéis da santa Igreja, para que, neste tempo favorável da Quaresma,
se reconciliem uns com os outros e com Deus…”
Perdemo-nos no tempo e nos lugares que sentimos que são mais encantadores!
Gostamos de tudo o que é de fácil acesso! Precisamos de ter poder! Amamos ser superior ao outro!
Passamos indiferentes pela dor de quem chora! Não nos agarramos ao Serviço gratuito nem à interajuda!
Rezar, jejuar, oferecer o que temos a sobrar (já não se pede um pouco do que temos…)
é totalmente contra a lógica do mundo em que vivemos, hoje!
E agora? Será que precisamos da Quaresma? Será que a Reconciliação com os outros e com Deus faz sentido?
Parece que não aprendemos (nada) com as metáforas bíblicas!
Duvidamos de tudo o que está escrito e não queremos comparações com o que já passou…
Somos muito melhores do que todos os que viveram no passado.
No entanto, a “serpente” continua a falar
e nós voltamos a aceitar o que um animal diz como a melhor máxima para a nossa vida:
«De maneira nenhuma! Não morrereis.
Mas Deus sabe que, no dia em que o comerdes,
abrir-se-ão os vossos olhos e sereis como deuses, ficando a conhecer o bem e o mal»
Conhecer o bem e mal… isso seria tão bom!
O pecado já não seria opção!
A bondade, a paz, a OBEDIÊNCIA fariam as delícias do nosso dia-a-dia!
«De facto, como pela desobediência de um só homem, todos se tornaram pecadores,
assim também, pela obediência de um só, todos se tornarão justos.»
Não somos capazes de aceitar a Lei, a Palavra de Deus e o Amor como pontos bem definidos.
Afastamo-nos de Deus, repelimos os outros com atitudes desagradáveis e permitimos que o pecado vença, novamente.
Então, como nos sentimos profundamente abandonados e infelizes…
quando descobrimos que estamos nus e a vergonha ataca-nos… lembramo-nos:
«Criai em mim, ó Deus, um coração puro e fazei nascer dentro de mim um espírito firme.
Não queirais repelir-me da vossa presença e não retireis de mim o vosso espírito de santidade.»
Hoje, a liturgia do 1º domingo da Quaresma, do Ano A, envia-nos para o deserto, para coabitarmos com a tentação,
para sentirmos o que é o pecado e para vivermos livremente tudo o que o mundo nos oferece.
Então, como Jesus: «Jejuou quarenta dias e quarenta noites e, por fim, teve fome.»
Iremos sentir fome!!! Fome de tudo…
e assim, totalmente, vulneráveis,
estaremos mais fracos aos olhos do mal,
mas mais fortes aos olhos de Deus!
Esta cultura de fome… este ritmo sem melodia…
esta vida de morte… este levantar sem caminhar…
é o que o mundo nos apresenta no século da ciência e da tecnologia!
Que triste é ver jovens a defenderem o que é mais fácil, sem descobrirem a beleza do Amor de Deus.
Que assustador é escutar palavras de ordem contra o Pai Criador, porque exige muito dos Seus Filhos,
quando o Bom Senhor tudo nos dá para nosso sustento e para nossa alegria.
Hoje, a tua Missão não é fácil… hoje, os Cristãos Baptizados que se alimentam da Eucaristia,
aqueles que anseiam estar bem preparados para a Páscoa, aqueles que saboreiam a Quaresma,
são verdadeiras aves raras! Eu quero ser obediente! Eu quero ser ave rara! e tu?
Vamos jejuar? Vamos rezar? Vamos partilhar o pouco que temos? Temos 40 dias para aprendermos a voar!
Não deixes passar a oportunidade de te conduzires pelo Amor de Deus no deserto… Diz: “SIM!” ao teu Baptismo!