É em ser para o outro que eu sou!

Crónicas 3 março 2020  •  Tempo de Leitura: 3

Quero iniciar esta minha reflexão recordando todos aqueles que deram a sua vida pelo outro. Penso nos médicos, nos policiais, nos voluntários que perderam a sua vida dando-a ao serviço do outro ser humano.

 

Não é apenas nos "atentados terroristas" que vemos alguém a dar a sua vida para salvar o outro! É também nesta situação de coronavírus ou Covid-19 que o encontramos. E não são apenas aqueles que "morreram salvando a vida de alguém"! Pensemos naqueles que ainda não morreram mas que estão lá! Estão onde é preciso! Onde choram por se saber "contaminados"! Onde choram porque têm medo de deixar os seus filhos sozinhos neste mundo!

 

Vivemos num mundo cada vez mais egoísta. Vivemos num mundo em que esta epidemia chateia-nos porque temos que alterar o nosso "dia-a-dia". Vivemos num mundo onde sentimos quando os nossos sentem

 

Esta epidemia deveria colocar-nos perante nós próprios. Deveria pormo-nos a olhar para o nosso umbigo e perguntarmo-nos até que ponto somos solidários.  Até que ponto é que me olho ao espelho e pergunto-me se estou atento à vida do outro. Se estou atento ao sofrimento do outro…

 

A primeira semana da Quaresma convida-me a estar ao serviço. Estou de facto ao serviço daquele que mais precisa neste momento? Neste e não num hipotético momento que imagino que precise do meu apoio.

 

Finalmente apareceram os primeiro casos de infetados em Portugal. Escrevo isto na esperança que a nossa comunicação social passe da constatação à missão. Andavam ansiosos por encontrar o primeiro caso (ridículo). Espero que agora passem à fase de ajuda real e factual de cada um dos doentes.

 

Este vírus tem a bondade de revelar a nossa fragilidade. Vivemos numa sociedade que se crê sabedoria de tudo o que é humano. Não é verdade. O Covid-19 prova-nos isso mesmo. Mostra-nos que a vida é muito mais que todas as explicações científicas. É-o agora como será dentro de cinquenta anos. A nossa fragilidade está para durar

 

Sentimo-nos tentados como Jesus. Queremos ser. Queremos fazer. Queremos poder… Jesus disse-nos há mais de dois mil anos: «Nem só de pão vive o Homem». No entanto, estas palavras, custam-nos a interiorizar. É no serviço que nos encontraremos.

 

Esta é a realidade que encontro naqueles que dão a sua vida ao serviço do outro! É neste encontro que eles se encontram! É neste ser para o outro que eles são!

 

Penso nos médicos, nos policiais, nos voluntários que perderam a sua vida dando-a ao serviço do outro ser humano.

 

Que Deus abençoe toda esta gente e as suas famílias.

Licenciado em Teologia. Professor de EMRC. Adora fazer Voluntariado.

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