As tuas pontas andam agora ao Deus-dará, porque efetivamente Ele te dará o suficiente, para que as deixes e segures apenas as pontas daqueles que mais necessitam. As tuas pontas estão agora agarradas, em distâncias que nunca nos separam, com aqueles que mais amas.

As tuas pontas agora alargaram-se. Não ficam retidas apenas naqueles que guardas no teu coração. São-te pedidas para serem deixadas naqueles que vês. É ali que as deves colocar para que haja um pouco mais de esperança, um pouco mais de vida. São elas que te fazem demorar e são elas que permitem que muitos se demorem um pouco mais pela vida.

E as tuas pontas? Perguntam-te, preocupados e com o coração nas mãos. Responde-lhes que andam por entre os ventos da vida sem destino, nem hora. Sem rosto, nem preceitos. Anda como quem se deixa entregar totalmente sem esperar nada em troca. Permanece com as marcas de uma existência escrita por tantos sacrifícios e dores. Fica com a escrita de uma gramática em tempos de verdadeiro desespero.

E as tuas pontas? Poderão até ceder em algum momento, mas levantar-se-ão renovadas, porque em ti vive a certeza de que nada está finalizado. Ficarão um pouco mais pesadas, a cada dia que passa, mas trarão ao de cima a tua maior coragem e a certeza de que agora só O amor te sustentará!

E as tuas pontas? Andarão, por aí, a dar bom nome à vida e a permitir que tudo possa ser em nós, para que assim possamos dar bom nome à tua vida.

E as tuas pontas? Anda com um só propósito: que a vida não nos falte e que não falhemos perante a vida!

Dedico este texto a todos os profissionais de saúde de todo o Mundo, mas de forma especial quero entregá-lo aos nossos guerreiros portugueses e a todos aqueles e aquelas que comigo partilharam as suas vivências nestes momentos de pandemia.