A Fraternidade Universal e as ideologias que nos destroem…

Crónicas 13 outubro 2020  •  Tempo de Leitura: 3

A última Encíclica do Papa Francisco tem tido um acolhimento estrondoso, não só de crentes católicos ou cristãos, como de outras fés e até junto dos não crentes.

 

No mês em que rezamos e procuramos levar a missão mais consciente, este texto apresenta-se como um excelente guia missionário para, daqui para a frente, construirmos um mundo melhor. Francisco escreve que os cristãos devem combater uma série de ideologias que estão presentes nas nossas sociedades e que são anti fraternas, as “ideologias sem pudor”.

 

Para o Papa estas “destroem (ou desconstroem) tudo o que é diferente e, assim, podem dominar sem oposição. Para isso, precisam de jovens que desprezem a história, que rejeitem a riqueza espiritual e humana que foi transmitida de geração em geração, que ignorem tudo o que os precedeu”.

 

Quais são estas ideologias?

 

Em primeiro lugar, aquela versão do neoliberalismo, que confia a solução dos problemas sociais à mão invisível do mercado e que ilude e se ilude que o bem-estar transborda espontaneamente das classes privilegiadas para as inferiores, assim como as migalhas caem da mesa do rico para proveito de Lázaro. A realidade é que as desigualdades aumentaram no mundo, bem como a consciência dessas. O puro mecanismo capitalista trouxe milhões de pessoas para a pobreza, e também alongou as distâncias dentro do mundo globalizado, gerando crescentes tensões sociais e políticas.

 

A segunda ideologia é a do populismo, que investe nos medos, nos instintos mais baixos, na desvalorização das instituições e da legalidade.

 

A terceira é a do nacionalismo exasperado e xenófobo, que não reconhece que "a migração será o futuro do mundo" e que somente com consensos numa regulamentação internacional é que se poderá geri-la.

 

A quarta é a do totalitarismo, cujas raízes residem na negação do caráter transcendente da dignidade humana; tudo se resume a esta vida terrena; e tantos milhões leva à pobreza.

 

O Papa Francisco consciencializa-nos para esta realidade: “a sociedade cada vez mais globalizada aproxima-nos, mas não nos torna irmãos”. Na verdade, nunca estivemos tão ligados pelas telecomunicações, mas nunca tão distantes uns dos outros.

 

Vivemos num mundo em que cada vez mais se favorece os interesses individuais e enfraquece a dimensão comunitária da existência. Esta é a missão dos cristãos: com o ideal da fraternidade universal, devem estar atentos à dimensão política da existência humana, e serem sal da terra e luz do mundo.

 

Que o novo beato Carlo Acutis nos ajude nesta missão.

Licenciado em Teologia. Professor de EMRC. Adora fazer Voluntariado.

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