O que procuramos?
O que procuramos? Por onde andamos? Estaremos efetivamente à descoberta de algo ou de alguém? Vivemos para nos descobrirmos ou procuramo-nos no que vivemos?
O que procuramos? Teremos sequer consciência disto mesmo? Ou andamos numa velocidade que nos ilude, onde tudo nos parece resolvido? Em que nada em nós tem de ser descoberto? Como nos encontramos se não procuramos o outro? Como nos construímos se não nos questionamos?
O que procuramos? Deveríamos questionar-nos vezes sem fim. Não caindo num humor depressivo, mas direcionando-nos para a certeza de que não nos finalizamos em nós mesmos. Que não nos realizamos em tudo o que nos parece visível e palpável. Que a felicidade plena não acontece (sempre) naquilo que o mundo ateima em querer oferecer-nos.
O que procuramos? Deveríamos parar e deixar que esta questão ecoasse nos passos que damos. Criando em nós um despertar puro e sincero sem receio do que daí pudesse advir, porque é na procura que nos elevamos. Não perante os outros, mas com os outros. É na procura que nos deixamos encontrar e que proporcionamos esse mesmo encontro. É na procura que vamos permitindo que a vida se desenhe realçando em si a sua originalidade. É na procura que nos vemos mais verdadeiramente eliminando os véus que nos enganam dia após dia.
O que procuramos? O que buscamos nesta passagem brusca a fugaz? O que levamos desta efemeridade tantas vezes prometida como eterna? Quantas vezes nos realizamos por entre o contar das nossas horas?
Que a nossa procura, repleta de dúvidas, medos e incompreensões, ganhe sentido através do sedento desejo de nos sentirmos filhos, de nos sentirmos amados!