Temos medo de quê?
Temos medo de quê? Questiono-me muitas vezes, como cristão, do que temos medo quando fugimos a tantos temas. Teremos medo da possibilidade de admitirmos que não sabemos tudo? Teremos medo da nossa melhor resposta ser o silêncio? Teremos medo de não sermos assim tão cristãos?
Temos medo de quê, quando fugimos daqueles que achamos que não têm uma vida “digna”? Teremos medo de aceitar que também eles são filhos e filhas de Deus? Teremos medo de aceitar que também eles são merecedores da Sua misericórdia? Teremos medo de não sermos ninguém para julgar ou condenar?
Temos medo de quê, quando as palavras que os outros usam para falar dEle são diferentes das nossas? Teremos pavor da possibilidade de existir outras formas de amar? Teremos receio de que a religiosidade seja apenas uma forma de mascarar a nossa falsidade? Teremos medo de que a nossa relação não seja tão próxima com Aquele que nos sustenta? Teremos medo que o amor conte muito mais do que a doutrina?
Temos medo de quê, quando os outros nos mostram um Deus que não está preocupado em medir vidas ou pecados? Teremos medo de que Ele nos perdoe mais e melhor do que nós alguma vez conseguiremos ou imaginaríamos? Teremos medo de que este Deus seja mais humano, e por isso divino, do que milagreiro ou castigador? Teremos receio de que as dúvidas nos retirem a Sua presença?
Temos medo de quê, quando fugimos das diferentes visões que existem sobre este Deus? Teremos receio que isso nos abale? Teremos medo de que isto da fé não seja somente uma segurança? Teremos medo que as imagens que temos sobre Deus estejam erradas? Teremos medo de que a Sua revelação não seja linear?
Não sei do que temos medo, mas sei que não podemos continuar a fugir. Sei que não podemos continuar a guardar-nos dentro da igreja ou dos rituais vazios e decorados. Sei que não podemos senão olhar para o outro com verdadeiro amor e deixar que cada um, na sua simplicidade e humildade, se possa encontrar com este Deus independentemente da sua condição.
Não sei do que temos medo, mas espero que não tenhamos medo da possibilidade de Ele amar tudo e todos e permitir que voltemos sempre à Sua presença!