Acompanhar a pessoa em fim de vida
Acompanhar a pessoa em fim de vida nem sempre é fácil. Desperta em nós o sentido do cuidar, do respeito, do estar, da morte. Confesso que existe uma grande mistura de sentimentos e emoções. Por um lado, a revolta por não podermos fazer mais, por sabermos que aquela pessoa vai partir dentro de uns dias ou meses, versus o sentimento de felicidade por poder acompanhar e estar presente e dar qualidade aos últimos tempos de vida de alguém.
E nestas situações, há momentos em que temos de saber parar. Isto é, parar de fazer procedimentos, parar de causar mais algum sofrimento. Simplesmente parar. Porque nesta fase, por vezes estamos a fazer as coisas para nossa própria consciência e não porque a pessoa realmente tem necessidade disso. É nesta fase que temos, ainda mais, de colocar a pessoa e o seu conforto e bem-estar à frente do nosso.
A pessoa em final de vida, muitas das vezes, só quer que estejamos lá. Estar, em silêncio, sem fazer perguntas, sem forçar conversas. Apenas estar. Só o sentimento de saber que não se está sozinho enche o coração.
Saber que temos ali uma mão na nossa, saber que podemos abrir os olhos e ver quem amamos ali, sem falar, para aquilo que precisarmos. Só este simples gesto já sossega um coração inquieto e amedrontado.
Apenas temos de estar ao lado da pessoa em fim de vida e aproveitar ao máximo cada momento com ela. Deixá-la comer o que quiser, não insistir para que coma ou faça isto ou aquilo, deixar que seja feliz. Isso é o mais importante! E se algum dos seus desejos ainda poder ser cumprido, é nossa função tentar concretizá-lo.
Por isso, se tens alguém em fim de vida junto a ti, não te esqueças de o colocar em primeiro lugar e de lhe dar apenas aquilo que ele precisa para estar confortável e feliz. Tu bastas para que o seu coração sossegue. O resto, Deus cuida.