Não podemos servir a Deus e ao dinheiro
«Assim fala o Senhor Deus: Ó meu povo, vou abrir as vossas sepulturas e conduzir-vos para a terra de Israel; e quando eu abrir as vossas sepulturas e vos fizer sair delas, sabereis que eu sou o Senhor. Porei em vós o meu espírito, para que vivais e vos colocarei na vossa terra. Então sabereis que eu, o Senhor, digo e faço - oráculo do Senhor.» (Ez 37,12-14)
Quando, recitamos o Credo, proclamamos: "Espero a ressurreição dos mortos". Obviamente pensamos na ressurreição dos nossos corpos no último dia, segundo a promessa de Jesus (Jo 5, 28) repetida várias vezes por São Paulo, como por exemplo em Rom 8,11. Mas já existia uma promessa de Deus no Antigo Testamento à qual também devemos prestar atenção, mesmo que não diga respeito à ressurreição dos corpos. É esta passagem de Ezequiel com que inicio esta crónica.
São palavras que referem não a ressurreição dos corpos, mas a libertação do povo da escravidão, da perda da sua dignidade, da morte espiritual. Dizem respeito a todas as pessoas que morreram antes de morrer. Como se estivessem mortas por dentro.
Nos últimos dias, temos ouvido falar de corrupção. Corrupção nos dirigentes políticos. Naqueles que deviam ser exemplo para a sociedade. Muitos ficaram escandalizados porque, apesar das provas, os crimes prescreveram… Esta é a justiça humana, com as suas fragilidades…
Para os cristãos a mensagem é clara. Jesus disse-nos que não podemos servir a Deus e ao dinheiro. São Paulo na 1ª carta a Timóteo refere que aqueles que desejam enriquecer caem na tentação do engano de muitos desejos insensatos e prejudiciais e que afogam os homens na ruina e na perdição (cf 1 Tim 6, 9-10). A raiz de todos os males é o dinheiro. O Apóstolo não tem dúvidas em definir estes homens como gente de mente corrupta.
O verbo corromper, como sabemos, indica, entre outras coisas, a decomposição de cadáveres. Portanto, sabemos bem o que São Paulo quer dizer. O dinheiro corrompe. Se escolhemos o caminho do dinheiro, acabaremos corrompidos. O nosso ser é decomposto…
Na Páscoa, todos somos chamados a sair desta corrupção e a trilhar o caminho da vida. O caminho da humildade de Jesus Cristo que, sendo rico, se fez pobre para nos enriquecer com a sua pobreza. Esta é a maneira de servir a Deus.
Durante o Jubileu Extraordinário da Misericórdia (de 8 de dezembro de 2015 a 20 de novembro de 2016), numa das suas comunicações, o Papa Francisco disse-nos: "A riqueza e o poder são realidades que podem ser boas e úteis para o bem comum, se colocadas a serviço dos pobres e de todos, com justiça e caridade. Mas quando, como muitas vezes acontece, são vividas como um privilégio, com egoísmo e arrogância, são transformadas em instrumentos de corrupção e morte”.
Que a Páscoa da Ressurreição nos ajude a levar uma vida honesta e humilde ao serviço de todos os que mais necessitam e não em servir-nos deles. Que o Senhor Ressuscitado nos ajude a não cair na armadilha da idolatria corruptora do dinheiro.