Que Igreja teremos?
Acredito firmemente que a Igreja nos próximos tempos será renovada e terá uma nova forma de estar no mundo e na vida das pessoas. Deixará de ser vista como "prestadora de serviços sacramentais" e terá uma força maior no servir e na entrega. Deixará, porventura, o elevado número de fiéis, mas encontrará, naqueles que permanecerem, uma fé sedenta, arejada e alegre sem se deixarem prender pelos ritos ou à doutrina. Não haverá cristãos de procissões ou mais ou menos praticantes. Haverá, isso sim, cristãos que deixarão que a mensagem d'Aquele em quem acreditam lhes marque o compasso das suas palavras, dos seus gestos e dos seus passos.
A Igreja dos próximos tempos, e espero não estar a pronunciar nenhuma barbaridade, será a oportunidade de muitos poderem encontrar-se como são. Será o único espaço onde muitos poderão questionar todas as suas vidas. Será o local onde tantos e tantas encontrarão a paz que não aliviará, nem apagará todo o sofrimento, mas que será alimento para continuar a lutar por aqueles a quem a sociedade ateima em não lhes dar um rosto, um nome.
A Igreja dos próximos tempos terá de ser preenchida e reconhecida pelo amor que transporta e acolhe todos os que lhe procuram independentemente da sua condição ou história de vida. Terá de se deixar encontrar por todos e não temer que a sua única resposta seja a simples presença ou o silêncio. Terá de permitir que a sua linguagem se adapte aos novos tempos sem nunca esquecer que o Espírito Santo apontará sempre para Aquele que tudo nos revelou: Jesus Cristo!
A Igreja dos próximos tempos terá de ser humana e não fingir que vive uma santidade mascarada ou que se situa mais elevada por simplesmente transportar a maior de todas as novidades. A Igreja dos próximos tempos dará a conhecer O divino pela sua humanidade, frágil, pecadora, mas renovada pelo Seu amor e pela Sua misericórdia.
Acredito plenamente que nos próximos anos a Igreja não será reconhecida pelo serviço ativo do seu clero, mas sim pelo que tu fazes, pelo que eu faço, pelo que nós fazemos para voltarmos a reerguer os que se cruzam connosco e ensinarmos, todos os que queiram, a andar sobre as águas da vida. Será revelada pelo jeito com que parte e reparte o pão.
A Igreja dos próximos tempos terá de ser reconhecida, de novo, pela forma como se alegra e ama… os outros e a vida!