Jesus não é curandeiro

Crónicas 28 maio 2021  •  Tempo de Leitura: 2

Há um certo encanto nas curas de Jesus. A eliminação de alguma dor ou incapacidade física demonstram um poder estrondoso, mas ficarmo-nos pelo simples ato de curar retira todo o real significado de cada milagre e pode-nos fazer acreditar num Deus que é muito mais do que um simples curandeiro.

 

Se estivermos atentos aos sinais das Escrituras, reparamos que as curas de Jesus aconteciam bem antes de qualquer toque ou palavra. Os milagres de Jesus ganhavam forma a partir do momento em que Ele se compadecia pelo outro. Ganhavam forma quando Jesus se deixava "compaixonar" por aqueles em que as suas vidas almejavam um recomeço. E tudo isto acontecia, porque com o Seu amor o reino dos céus começava a ser costurado na humanidade de cada um.

 

E sim, era isto que Jesus lhes oferecia. A oportunidade de recomeçarem. A oportunidade de poderem voltar para as suas vidas com a certeza de que não estavam mortos e de que nada, nem ninguém lhes poderia negar o amor de Deus.

 

Jesus quando devolve o andar ao paralítico, ou a visão aos cegos não demonstra apenas uma capacidade sobrenatural. Jesus não se quer tornar curandeiro, mas mostrar que o poder da fé está na capacidade de nos continuarmos a mover perante as dificuldades. Jesus quer-nos fazer compreender que a verdadeira fé é àquela que nos faz contemplar e ver a presença de Deus no mais ínfimo dos pormenores.

 

Acredito profundamente que Jesus curou e realizou todas estas maravilhas, mas acredito ainda mais que Ele se tornou cura para tantos e tantas quando se deixava ficar com aqueles e aquelas que o procuravam. Acredito que Ele foi cura para todos os que lhe seguiam para escutarem que eram filhos muito amados do Seu Pai. Acredito que Ele foi cura e remédio santo para os que se sentiam marginalizados e esquecidos, pois encontraram n'Ele quem lhes olhasse de verdade.

 

Jesus curou e continua a curar, mas acima de tudo continua a libertar-nos daquilo que não nos deixa caminhar em liberdade. Jesus continua a convidar-nos a deixarmo-nos tocar pela Sua presença para que o nosso olhar se "cristifique".

 

Hoje, foca-te em tudo o que és e pergunta-te: o que te paralisa? O que é que não te deixa ver(-te)?

Nasceu em 1994. Mestre em Psicologia da Educação e do Desenvolvimento Humano. Psicólogo no Gabinete de Atendimento e Apoio ao Estudante e Coordenador da Pastoral Universitária da Escola Superior de Saúde de Santa Maria. Autor da página ©️Pray to Love, onde desbrava um caminho de encontro consigo mesmo, com o outro e com Deus.

 

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