Perdoa-te...
«Concede o teu perdão àquele que foste ontem
e não te conhece hoje debaixo do chuveiro.
(...)
A verdade é só uma, o que tu foste ontem
já não te conhece».
Armando Silva Carvalho - A Sombra do Mar
Tu és humano.
Tu és humano, mas não sabes viver como tal.
Não suportas essa definição. Não queres sequer perceber o que isso implica.
Tu és humano, mas não cabe em ti a ideia de que és um ser falível. Não cabe em ti a ideia de que és muito mais frágil do que imaginas.
A verdade é que, durante a azáfama da vida, vais disfarçando ser um "ser perfeito".
Não tens coragem de enfrentar os teus erros. Não tens coragem de ouvir o teu "eu". É demasiado barulhento. É demasiado constrangedor. E tu sabes que isso implicaria que te virasses para ti mesmo.
Isso obrigar-te-ia a desligar dos sons do mundo para ouvires o teu batimento.
E tu bem sabes que precisas disso...
Precisas de sentir esse batimento cardíaco para perceberes de que massa é que és feito.
Necessitas de ouvir o teu respirar para entender que tudo em ti pode falhar.
Não tens que ignorar, nem tens que seguir a todo o gás. Tens de parar para seguires no caminho certo.
E quando parares tens de olhar bem para ti.
Olha-te no espelho e sente o valor da tua vida.
Olha-te no espelho e convence-te que és merecedor de uma nova oportunidade.
Olha-te no espelho e entende que és digno de ser perdoado por ti mesmo.
Não te condenes, nem vivas como se fosses o único.
Aceita-te como és. Reconcilia-te contigo mesmo e descobre que o teu futuro é feito com perdões do teu passado.
O teu ontem constrói-te, mas não te finaliza.
Por isso, não te dês por terminado, quando ainda tens milhares de milhas à tua frente.
Não te deixes ficar preso no erro, quando podes ser libertado pelo perdão.
O segredo de um bom caminho está, unicamente, na capacidade de tu te perdoares a ti mesmo.