Para quando um tempo para ter tempo?
Ontem, como habitual, fui à missa da semana. É uma missa, como aqui já partilhei, da qual gosto muito. É perto do final da semana. Tem pouca gente e a simplicidade da celebração ajuda-me sempre a um maior encontro com Deus (mesmo quando ando desencontrado, de mim mesmo e d'Ele).
No entanto, ontem foi diferente. Era missa em celebração de um defunto com as cinzas e os familiares presentes. E todo aquele panorama mexeu muito comigo. Já há algum tempo que não estava em contacto com a morte.
Fui obrigado a desligar por completo. Coisa que ultimamente toda a correria do quotidiano, todas as preocupações e afazares não me têm permitido. Estava ali confrontado, novamente, com a finitude. Com o que de mais certo há em cada um de nós.
Pensava no quão rápido têm sido os meus dias. No quão fugazes têm sido as minhas presenças junto daqueles que amo. No quão acelerados têm sido os meus pensamentos.
"São outros tempos...". Pensava eu de alguma forma para justificar toda esta minha falta de tempo para ter tempo.
E, por isso, durante toda a missa fui rezando toda uma série de questões: porquê tanta corrida? Para quê tantos afazeres? Como é que nos deixamos envolver nesta rotina que nos retira o olhar de nós mesmos e dos outros? Será realmente preciso tudo isto? E no final de contas, o que é que conta?
Não vos quero deixar com falsas esperanças, por isso confesso que não obtive respostas. No entanto, acredito que todo aquele momento me foi oferecido por Ele. Para de certa forma encontrar de novo algum descanso. Algum silêncio. E, acima de tudo, para não me deixar de lembrar do Seu amor e do propósito que tem o dom da minha vida.
Por isso, hoje dirijo a mim e a ti a seguinte pergunta: para quando um tempo para teres tempo?