O caminho de Damasco
Celebramos hoje festa litúrgica da conversão de Saulo, o perseguidor dos cristãos, que após fazer uma experiência de encontro com o Ressuscitado, a caminho de Damasco, mudou radicalmente a direção da sua vida e transformou-se em Paulo o grande Apóstolo de Jesus Cristo.
O padre jesuíta Bruno Franguell, escreveu sobre esta conversão o seguinte: «o que aconteceu com Saulo, não se trata de uma conversão religiosa, isto é, de um ateu que se transforma em um homem de fé. Mas uma conversão muito mais radical, uma mudança de orientação da própria fé».
São Paulo era um judeu ortodoxo, isto é, era um homem religioso exemplar e grande temente de Deus. A perseguição que fazia aos cristãos era como que uma obrigação para com a sua fé e para com os princípios religiosos judaicos. Mas o encontro pessoal com Jesus Cristo mudou-o por completo. Não se trata de abraçar a fé pela primeira vez, mas de reconhecer o verdadeiro Deus em que se acredita. Trata-se de uma verdadeira conversão. Trata-se de saber quem Ele é.
"Vimos a sua estrela no Oriente e viemos adorá-lo", é o tema desta Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos que hoje também encerra. Quem preparou todo o material para a sua realização foi o Conselho das Igrejas do Médio Oriente.
Esta viagem dos Reis Magos atrás da estrela em direção a Belém permite-nos tirar algumas conclusões. A primeira é que é estamos todos em caminho; somos todos discípulos de Jesus Cristo que é a única Estrela; portanto, temos que aprender uns com os outros. A segunda coisa é que devemos empenhar-nos no testemunho da fé numa sociedade que tem dificuldade em perceber a importância do cristianismo. Na sociedade ocidental há um certo desinteresse pela religião em geral e pelo cristianismo em particular. Devemos questionar-nos como podemos testemunhar a 'boa notícia' que é o cristianismo para o ser humano de hoje. Em terceiro, não podemos fazer tudo isto sem nos sentarmos à mesma mesa seja com todos os cristãos, seja com o resto da humanidade, para que, com humildade, possamos construir a Civilização do Amor.
O diálogo entre as Igrejas cristãs tem que ter em conta a crise da religião no mundo contemporâneo. Poderíamos dizer que a este nível estamos todos no mesmo barco: ortodoxos, católicos, protestantes, luteranos… Todas as confissões vivem numa época onde há vontade de tirar o religioso da cultura, por causa da secularização. É o desafio comum.
Isto só será possível com uma verdadeira conversão que nasce do encontro com Jesus Cristo. E, com humidade posso dizer, que todos precisamos de percorrer o caminho de Damasco.