«Carpe Diem» - Dizem os jovens…
Quinto Horácio Flaco (Quintus Horatius Flaccus – 65 a.C.- 8 a.C.) foi um poeta lírico e filósofo latino. É dele a famosa expressão Carpe Diem, tão usada pelos nossos jovens e também por muitos mais velhos.
A sua obra prima, são os três livros de poemas líricos, “Odes” escritos em 23 a.C. e mais tarde complementados por um quarto volume escrito em 13 a.C. O termo foi escrito no Livro I, em que aconselha a sua amiga Leuconói, na frase: «carpe diem, quam minimum credula postero». Numa tradução livre: "colhe o dia, minimamente crédula no porvir “, ou seja, aproveite o dia de hoje e confie o mínimo possível no amanhã.
O significado de carpe diem é um convite para se aproveitar ao máximo o tempo presente, sem pensar muito no que o futuro reserva. A incerteza da vida e do que virá não podem tornar-se numa justificação para não usufruir o que o dia oferece.
Porém, com o declínio do império Romano esta expressão foi usada para retratar o “cada um por si”. Naquele momento havia a visão clara de que cada dia poderia ser realmente o último. Se hoje ela é utilizada como uma coisa boa, no seu auge, foi utilizada como consequência do desespero da destruição de Roma.
Recentemente, também apareceu no filme "O clube dos poetas mortos". A personagem de Robin Williams, professor Keating, diz: «Escuta, estás a ouvir? – Carpe, ouves? – Carpe, carpe diem, colham o dia rapazes, tornem extraordinárias as vossas vidas».
E por que é que os nossos jovens a usam tanto?
A confiança não é um dos principais "ativos" que a nossa sociedade lhes ofereça. O futuro surge com muitas incertezas. É uma das muitas razões pelas quais vemos os jovens, cada vez menos envolvidos na vida política, no mundo do trabalho, no matrimónio, em compromissos que exijam assiduidade e fidelidade…
A sociedade e, consequentemente os nossos jovens, ao invés de ousar, arriscar, prefere saborear as experiências do momento: atitude que caracteriza a filosofia do “carpe diem". Um estilo que enfraquece a energia dos sonhos, que podem ser dececionantes, ou a aplicação em projetos de futuro, que podem exigir sacrifícios e correr o risco de encontrar obstáculos… Pelo contrário, é preferível viver a vida no quotidiano, jogá-la em objetivos mínimos e alcançáveis…
Como é diferente a αγάπη (agápe). Se traduzirmos à letra este grego, mais do que Caridade, quer dizer Amor Desinteressado. Amar por amar. Não queremos saborear o momento mas amando cada instante construir um futuro.
«A caridade é paciente, a caridade é benigna; não é invejosa, não é altiva nem orgulhosa; não é inconveniente, não procura o próprio interesse; não se irrita, não guarda ressentimento; não se alegra com a injustiça, mas alegra-se com a verdade; tudo desculpa, tudo crê, tudo espera, tudo suporta». 1 Cor 13, 4-7
Só assim teremos uma vida extraordinária! E é isto que temos que comunicar e partilhar com os nossos jovens.