Já se depararam com os olhos de uma criança que vos olha sem esperar qualquer tipo específico de resposta? Há mais alguma realidade nua e crua que esse olhar?

Em muitas ocasiões e em muitos lugares, os meus olhos encontraram-se com o olhar das crianças pobres ou ricas, saudáveis ​​ou doentes… Ser observado pelos olhos de uma criança é uma experiência que todos conhecemos, que nos toca no fundo do coração e que também nos obriga a examinar a nossa consciência.

São olhos de uma humanidade profunda e tremenda. Não esperam nada e ao mesmo tempo, tudo. Não querem que respondas e ao mesmo tempo querem-te todo. Acima de tudo querem verdade! Querem que sejas tu! Tu e ela. Tu e a verdade. Tu e a vida.

Estou convencido que cada vez mais precisamos desta humanidade. Precisamos que nos olhem nos olhos e nos digam que nos amam. Que eu estou para além da minha circunstância. Que eu sou muito mais que uma profissão; muito mais que um papel na sociedade; muito mais que uma doença da qual padeço…

No confronto com as crianças, e também com os doentes, cada vez mais me apercebo que esperam que eu os olhe para além da sua infância; para além da sua doença…

Uma criança é todo um futuro que a espera e que me espera. Um doente é tudo isso também. Nos dois não há subterfúgios. É a verdade nua e crua! Querem um "Amo-te" para além de toda e qualquer dificuldade; para além de todo e qualquer destino.

Não tenho dúvidas que é esse olhar que nos define humanos e que nos define caminhos, saídas, futuros…

A todos, esta semana e sempre, quero-vos olhar, sem complexos e sem mentira, na humanidade que também é a minha, e no caminho que quero fazer convosco, criança e doente. Humano.