Um dia houve alguém que (se) ergueu
Um dia houve alguém que ergueu. Tomou a sua vida e dividiu-a por inteiro. Rasgou-a e deu-a a tantos e tantas para que muitos, saindo das margens, pudessem encontrar a verdadeira via do amor.
Um dia houve alguém que ergueu. E para erguer dedicou-se ao simples do quotidiano. Juntou. Acolheu. Sentiu. Comoveu-se. Tocou. Curou. Comeu e bebeu. E fez dos banquetes uma vida rezada.
Um dia houve alguém que ergueu. E não descansou enquanto todos não estivessem no centro. No centro da dignidade. Do amor. Não parou enquanto todos não sentissem o Reino de um Deus-Pai com entranhas de Mãe. Não parou de caminhar enquanto não vivênciasse o improvável. Enquanto não colocasse em prática o exagero do amor e do cuidado.
Um dia houve alguém que ergueu. E para isso decidiu servir. Deu-se em serviço. E instaurou em si o serviço do amor. Deu-se por inteiro ao tornar a sua vida um pão partido. Deu-se de tal forma que se tornou alimento para tantos em cálice de vida em abundância. Uma vida regada de misericórdia. Uma vida desenhada fora de todas as medidas, regras ou doutrinas.
Um dia houve alguém que ergueu e daí surgiu a oportunidade de se realizar o improvável. Rompeu a morte. Saiu. Depois de tanto erguer saiu erguido. Ressuscitou.
Um dia houve alguém que se ergueu. E juntando em si tudo e todos criou uma comunidade de erguidos e de "erguedores".