«A estrada que não levava a lugar nenhum»
Por estamos na semana de Oração pelas Vocações lembrei-me desta história de Gianni Rodari.
O protagonista é Martinho Teimoso. Este apelido deve-se à sua teimosia em querer saber para onde ia uma das estradas que partiam da sua aldeia.
Uma tinha a direção do mar. A segunda levava à cidade. E a terceira? Martinho não se cansava de perguntar a todos os adultos.
“- Aquela rua ali? Não vai a lugar nenhum. É inútil percorrê-la.
- E até onde vai?
- Não vai a lugar nenhum.
- Mas então por que é que a construíram?
- Ninguém a fez, sempre esteve ali.
- Mas alguém já foi ver?
- És teimoso: já te dissemos que não há nada para ver...
- Mas vocês não podem saber se nunca a percorreram."
Resumindo a história: Martinho, já mais crescido, decide fazer aquela estrada. E depois de ter percorrido toda, com fadiga, pensando em voltar para trás…, chega a um portão de entrada de um enorme castelo, onde o espera uma bela mulher que lhe dá um grande tesouro por a ter visitado.
Martinho regressa à sua aldeia, anuncia a todos o tesouro que encontrou no final daquela estrada que não levava a lugar nenhum, e distribui as suas riquezas por todos.
Os habitantes da aldeia não o deixam repetir duas vezes a história e metem-se a caminho, mas em vez do castelo, a estrada para estes, termina numa floresta muito densa.
Não há dúvidas que certos tesouros só existem para quem for o primeiro a percorrer uma estrada nova. É preciso desejo, vontade. É necessário perseverança, tenacidade e confiança…
No início da semana de oração pelas vocações - matrimonial, sacerdotal ou consagrada - o Patriarca de Lisboa afirmou a importância de “cada homem ou mulher” descobrir o que Deus quer de si, de forma a corresponder inteiramente.
A Semana de Oração pelas Vocações é uma ocasião para fazer “coincidir o pensamento e a vontade” de cada um com “o pensamento e a vontade de Deus”.
Tenhamos a ousadia de percorrer a nossa estrada pessoal.