E se soubéssemos escutar?
E se soubéssemos escutar? Deixando que o outro possa entregar a sua história na nossa vida. Escutarmos para que a nossa presença se transforme em acolhimento sem julgamento permitindo que o outro seja. Usar a escuta para dar vida. Para sermos vida.
E se soubéssemos escutar os sinais que o nosso corpo nos vai dando? Sem os ignorarmos com as azáfamas do nosso quotidiano. Escutarmo-nos para habitarmos verdadeiramente nas nossas ansiedades, nos nossos medos, nas nossas inquietações. Darmos espaço e tempo ao que somos para que brote em nós a autenticidade. Darmos espaço e tempo para sermos o que ainda não somos.
E se soubéssemos escutar a natureza? Abrindo os nossos ouvidos e a nossa disponibilidade encontramos nela a beleza e o mistério. É também na escuta que descobrimos a sua diversidade, a sua complexidade e a sua capacidade de se entrelaçar com a nossa humanidade. Escutar a natureza para entrar no mistério da existência, não para o resolver, mas para que se torne caminho.
E se soubéssemos escutar Deus? No silêncio. Na alegria. Na dor. Escutá-Lo como Ele é. Sem O distorcermos a favor das nossas mesquinhices. Sem O distorcermos para que a minha vida se torne superior à dos outros. Escutá-Lo em tudo e em todos. Escutá-Lo na ausência e no silêncio. Escutá-Lo para que Ele seja.
Saber escutar dá-nos a possibilidade de perceber o poder da palavra. É na escuta que a palavra se transforma em vida. É com a escuta que surge a oportunidade para que tantos e tantas se possam erguer. Se possam saber amados. Se possam saber dignos.
Hoje, antes de dispersares a tua atenção, pergunta-te: quantas vezes escutaste verdadeiramente alguém? Quantas vezes escutaste Deus?