Um dia houve alguém que nos soprou
Um dia houve alguém que nos soprou. Bem antes de partir deixou o seu eterno respirar em nós. Não saiu sem que todos se unissem a si. Não se ergueu na totalidade enquanto não colocou todo o seu espírito sobre nós.
Um dia houve alguém que nos soprou. E é o seu eterno respirar que nos ampara e nos sustenta. É o seu eterno respirar que nos vai moldando. É o seu eterno respirar que nos permite continuar a caminhar depois de tantas quedas e de tantas leituras erróneas sobre a vida e sobre nós.
Um dia houve alguém que nos soprou. E fê-lo porque não aguentava que não fossemos um como ele. Não suportava a ideia de não nos sentirmos verdadeiramente amados. Não lhe cabia a ideia de nos deixar de fora de todo este seu mistério capaz de dar forma e dinamismo à vida.
Um dia houve alguém que nos soprou. Insuflou a sua vida em nós. Tornou-nos uno. Igualou-nos através das nossas idiossincrasias. Deixou ficar, em nós, e através de um sopro o desenho do seu maior sonho: sermos construtores de amor e verdadeiros "erguedores".
Um dia houve alguém que nos soprou. E desde então jamais nos deixou. Vive em nós e por nós. E tudo se vai entrelaçando na sua presença revelada em diversos rostos, sorrisos, abraços e lágrimas. Vai-se dando a conhecer em sopros que se tornam verdadeira presença. Vai-se manifestando no calor do eterno recomeçar.
Um dia houve alguém que nos soprou, porque nos amou mais do que tudo. E só quem ama pode deixar ficar o seu espírito aos amados. Só quem ama pode deixar a marca de uma vida eterna. Só quem ama pode permitir que sejamos seus inteiramente.
Um dia houve alguém que nos soprou... Consegues sentir o seu respirar?