Fé e Vida - A importância da coerência

Crónicas 5 julho 2022  •  Tempo de Leitura: 3

Este fim de semana nas dioceses de Vila Real, Guarda e Lisboa, foram ordenados novos sacerdotes. Também os Jesuítas e os Salesianos tiveram ordenações. São ocasião de uma enorme alegria para a Igreja. No entanto, todos sabemos que assistimos a uma crise vocacional. Não apenas na da vida sacerdotal, mas também na vida religiosa, monástica, missionária e até mesmo na matrimonial.

 

Os números mostram isso claramente e a comparação com o passado não dá margem a ilusões! As causas são muitas. Podemos começar pelo declínio demográfico. A queda da natalidade é bastante preocupante. Se os nascimentos falham, o número daqueles que optam por seguir o Senhor também fica comprometido.

 

A situação, porém, é mais complexa do que se pensa e envolve muitos aspetos da cultura contemporânea, da sociedade e da vida eclesial: a perda progressiva da concepção vocacional de vida. Isto é, todos nascemos com uma vocação, no entanto, projetamos desde muito cedo as nossas crianças e os nossos jovens para uma profissão. No passado, graças à família e à participação na vida paroquial, este sentido vocacional da vida era mais partilhado.

 

Antigamente,  ouvir histórias, conhecer missionários e consagrados tinha um grande impacto na vida dos jovens… Hoje parece ter pouco significado e é quase nada incisivo na vida dos jovens, com quem o diálogo se torna difícil e às vezes incompreensível.

 

Também, o para sempre, inspira medo e muitas vezes é interpretado como uma limitação da própria liberdade. Por outro lado, o exemplo dos sacerdotes, dos religiosos e dos próprios casais cristãos, não cativa ninguém. Esta incoerência é testemunhada pelos jovens. E depois há e é bem visível, uma desconexão generalizada entre fé e vida.

 

A mundanidade e a secularização em que estamos imersos não nos ajuda a descobrir o sentido profundo e exigente de cada existência, nem a perguntar-nos por que temos uma vocação.

 

Os jovens, no entanto, são sensíveis a temas importantes e autênticos. Anseiam pelo que é verdadeiro, belo, grandioso, mesmo que desafiador. Reconhecem à distância aqueles que vivem a sua missão na Igreja e no mundo com genuinidade, alegria e paixão.

 

“As novas gerações estão particularmente sedentas de sinceridade, de verdade e de autenticidade. Eles têm horror ao farisaísmo em todas as suas formas. Percebemos, portanto, como eles se apegam ao testemunho das vidas totalmente comprometidas com o serviço de Cristo. Percorrem os cantos da terra para encontrar discípulos do Evangelho, transparentes a Deus e aos homens, que permanecem jovens com a juventude da graça de Deus”. [Paulo VI, Audiência com o Pontifício Conselho para os Leigos de 2 de outubro de 1974]

 

Sejamos, pois, verdadeiros, autênticos e coerentes nas nossas vidas para termos mais vocações.

Licenciado em Teologia. Professor de EMRC. Adora fazer Voluntariado.

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