Um dia houve alguém que sonhou
Um dia houve alguém que sonhou. Sonhou que a Sua Palavra tocaria os simples e incomodaria os que se sentiriam intocáveis. Sonhou que na Sua mesa não faltaria pão e vinho para os que lhe procurassem de coração humilde e com toda a sua inteireza.
Um dia houve alguém que sonhou. Sonhou que jamais existiria divisão entre puros e impuros. Sonhou que todas as Suas palavras eram escutadas por quem tem sede e fome de amor. Sonhou que poderia deixar entregue o Seu Reino a uma só Igreja. Uma Igreja que se importaria mais com a humanização dos gestos do que com a verbalização das doutrinas.
Um dia houve alguém que sonhou. E para isso deu a conhecer um Pai com entranhas de Mãe, porque só quem sonha consegue ver e praticar a misericórdia. Sonhou com a certeza de que a compaixão conseguiria erguer tantos e tantas. Dando-lhes a possibilidade de poder recomeçar vezes sem fim e de poderem regressar a casa em festa.
Um dia houve alguém que sonhou. Sonhou elevar a Sua humanidade para que ninguém pudesse duvidar da Sua divindade. Sonhou que o Seu olhar daria a alegria de se saberem amados. Sonhou que o Seu toque daria a felicidade de se saberem erguidos. Sonhou que todos e todas pudessem sentir-se ovelhas do mesmo rebanho, não por intimidação, mas por reconhecerem o seu amado.
Um dia houve alguém que sonhou. E não descansou enquanto não deixou tudo planeado. Não desistiu enquanto não transmitiu tudo àqueles que O seguiam. Porque Ele bem sabia que o Seu sonho não era coisa para ficar dentro de Si. Ele bem sabia que tinha de se cumprir para que o Mundo jamais ficasse na mesma.
Um dia houve alguém que sonhou. Sonhou mais alto do que todos os homens e mulheres e para que o Seu sonho ganhasse forma teve de o concretizar com a Sua vida. Por inteiro. Doando-se sem medidas.
Um dia houve alguém que sonhou e por isso amou.