𝑪𝒉𝒂𝒗𝒆 para combater a Pobreza

Crónicas 8 novembro 2022  •  Tempo de Leitura: 3

Está no olhar a chave que pode abrir-nos outras portas. Muitas vezes desviamos os olhos de quem pede ajuda, não nos esforçamos para entender quem são, por que chegaram àquela situação. Essas pessoas ficam à margem do nosso campo visual, expulsas dos ritmos frenéticos das nossas cidades.

 

Começou ontem a Semana dos Pobres, instituída pelo Papa Francisco para dedicar aos mais excluídos e fragilizados, e, assim, combater a cultura do descarte e da indiferença. Culminará no próximo domingo, dia 13, com o VI Dia Mundial dos Pobres: Jesus Cristo fez-Se pobre por vós (cf. 2 Cor 8, 9).

 

Todos somos pobres em alguma coisa! Tornamo-nos facilmente mendigos de afeto, tempo, amizade, solidariedade, escuta, compreensão… E por que é que num país tão generoso como o nosso (vejamos o exemplo da ajuda ao povo ucraniano assim que o conflito começou), com tantas Organizações Não Governamentais para o Desenvolvimento, não se gera um ambiente de verdadeira solidariedade compartilhada?

 

Talvez seja o tempo, o espaço, a escuta, o olhar que nos falta. São estes os ingredientes para um  verdadeiro encontro. Tenhamos a capacidade de reconhecer que esta necessidade, antes de qualquer outra, é uma forma de pobreza na nossa sociedade. Talvez seja aí, afinal, que se esconde a chave que nos permite estar realmente perto de quem pede ajuda, não só com bens materiais, mas também com amizade e afeto. E sem pedir nada em troca, e tentar amar com obras concretas, como nos pede o Papa Francisco na sua mensagem:

 

«Quanto mais cresce o sentido de comunidade e comunhão como estilo de vida, tanto mais se desenvolve a solidariedade. Aliás, deve-se considerar que há países onde, nas últimas décadas, se verificou um significativo crescimento do bem-estar de muitas famílias, que alcançaram um estado de vida seguro. Trata-se dum resultado positivo da iniciativa privada e de leis que sustentaram o crescimento económico, aliado a um incentivo concreto às políticas familiares e à responsabilidade social.» (nº 5)

 

Acima de tudo é preciso sair do nosso egoísmo, dos nossos mundos fechados, dos nossos condomínios privados para perceber quem mora ao lado, no mesmo patamar do prédio ou na casa ao lado da nossa.

 

Tornamo-nos estranhos uns aos outros, desconfiados e queixosos… É urgente tecer novas relações que rompam a solidão e encurtem distâncias, feitas de escuta e pequenos gestos de cuidado, de gentilezas gratuitas que apagam a indiferença e nos aproximam.

Licenciado em Teologia. Professor de EMRC. Adora fazer Voluntariado.

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