E se o silêncio falasse tudo?
E se o silêncio falasse tudo? Sentimos, muitas vezes, a necessidade de encontrar as palavras. De conseguir responder de imediato ao que nos é pedido ou questionado. Agimos como se a nossa comunicação se resumisse unicamente ao verbal.
E se o silêncio falasse tudo? Aceitar que não sabemos tudo ou que não sabemos expressar algo num certo momento, não significa que não comunicamos e, muito menos, significará que não nos importamos com aquele que está à nossa frente. O silêncio dá a possibilidade de deixar que o outro habite em nós. Dá tempo e espaço para que na falta de palavras seja prevalecida a presença.
E se o silêncio falasse tudo? Se, em muitos momentos da nossa vida, tivéssemos optado pelo silêncio, talvez as nossas relações fossem caracterizadas por autenticidade. Se perante a dor tivéssemos dado o nosso silêncio, talvez o outro tivesse sentido que a sua dor tinha sido abraçada. Se perante a perda tivéssemos dado o nosso silêncio, talvez o outro tivesse sentido que era acolhido. Se perante a morte tivéssemos dado o nosso silêncio, talvez o outro tivesse saboreado a beleza da eternidade. Se perante a angústia tivéssemos dado o nosso silêncio, talvez o outro soubesse o quão é amado.
Acredito que o silêncio, mais do que constrangedor, pode ser caminho de descoberta, de presença e de amor. O silêncio pode unir e construir a partir do nada. No silêncio surge o mistério de nos sabermos profundamente necessitados do outro.
O silêncio fala tudo, nós é que temos medo. De viver sem ter que disfarçar. De viver sem ter que confrontar com o indizível.
O silêncio fala tudo: o que somos, o que sentimos e o que queremos.