Talvez esteja na hora...
Esta semana voltou a ser caracterizada por um mar de notícias sobre a Igreja Católica. Notícias sobre confirmações de abusos sexuais, dinheiro gasto nas JMJ 2023 e afirmações do Papa sobre a homossexualidade não ser crime, mas ser pecado.
A Igreja tem, claramente, muito caminho a fazer. Não só na sua comunicação, mas também relativamente à coerência das suas ações. É claro que há muito mais para além do que se vai falando, no entanto há situações que merecem uma postura mais congruente com o Evangelho, com aquela Boa Notícia que nos foi apresentada e que tinha como objetivo a vivência de um Reino para todos.
Aquilo que escrevo, não é uma embirração com a Igreja Católica, mas sim uma verdadeira preocupação com o futuro de uma instituição que deveria ser reconhecida como esperança para tantos e tantas. Sim, eu bem sei que nunca será perfeita. Sim, eu bem sei que é também com a nossa frágil humanidade que se constrói este mesmo Reino. Sim, eu sei disso e recordo todos os dias o quão pecador e frágil sou. No entanto, isto não deve invalidar uma mudança de postura e de paradigma.
Há muitas obras e missões da Igreja Católica que salvam o mundo de muita gente. E bem sabemos que o bem e o belo não fazem barulho, nem estrondo. Não podemos negar isto, independentemente da nossa crença. Mas os problemas e a visão que a Igreja ateima em seguir estará efetivamente alinhada com as verdadeiras necessidades? Estará realmente atenta às novas periferias e às novas lutas? Estará efetivamente do lado dos que mais sofrem?
Como pode a Igreja ser fonte de confiança, se vive inundada de escândalos? Como pode a Igreja dizer-se próxima dos pobres se investe milhões para eventos? Como pode a Igreja dizer-se acolhedora e peregrina se define uma forma de amar como pecado?
Acima de tudo que estas questões não sirvam apenas para mascarar a nossa hipocrisia, isto é, que não tenham somente o objetivo de apontar o dedo, mas que espolete em nós a vontade de fazer a diferença com o nosso testemunho: tratando com respeito e dignidade os mais frágeis; disponibilizando, sempre que nos for possível, ajudas para os que mais necessitam; e, por último, amando e acolhendo quem ama de forma diferente da nossa, mas que procura o mesmo Jesus Cristo.
Talvez seja a hora de voltarmos às origens daquela Igreja que era conhecida por “vede como eles se amam!”. Talvez esteja na hora…