Talvez a nossa vida seja uma oração
Talvez a nossa vida seja uma oração. Eternamente inacabada e declamada por um grito sedento de busca. Escrita pela imperfeição do que ainda não somos e trabalhada sobre a esperança de sermos inteiramente erguidos.
Talvez a nossa vida seja uma oração. Daquelas que ninguém conhece e que, por isso, vive apenas no mistério daqueles e daquelas que testemunham a sua própria existência. Somos a oração que tantas vezes não sabemos rezar. Somos a oração que carrega os medos e as angústias. Somos a oração que tantas vezes achamos não ser escutada por Deus.
Talvez a nossa vida seja uma oração. Uma oração viva. Construída pelos gestos concretos do quotidiano, onde já não se pode separar o sagrado do profano. Somos a oração que tantas vezes é rezada por quem não acredita. Somos a oração que tantas vezes ouve as súplicas dos que já não têm forças para viver na esperança.
Talvez a nossa vida seja uma oração. Difícil de pronunciar e de explicar, mas alimentada pelos que nos acompanham. Somos a oração que salva o mundo, porque reza em nós a ação da divindade revelada na nossa humanidade.
Talvez a nossa vida seja uma oração. Daquelas que bendizem a vida de tantos e tantas. Somos a oração capaz de construir pontes sobre os que um dia foram deixados de fora. Somos a oração que permite, através do silêncio e do perdão, o recomeçar.
Talvez a nossa vida seja uma oração. Que se deixa rezar pelas ruas das nossas cidades. Somos a oração que surge das Igrejas para dar vida ao Mundo. Somos a oração capaz de ser luz na sombra de tantos. Somos a oração capaz de dar sabor a muitas vidas.
Talvez a nossa vida seja uma oração inacabada à espera que Deus a reze em nós!