Fomos erguidos...e agora?

Crónicas 14 abril 2023  •  Tempo de Leitura: 3

Vivemos em Páscoa. É esta a nossa grande sorte: a de vivermos inteiros e eternamente erguidos. No entanto, o que podemos fazer com esta realidade? O que podemos realizar ao saber que fazemos parte desta Ressurreição de Jesus, o Nazareno? Não somos suscitados por Ele para nos vangloriarmos. Não nos é dada a oportunidade de podermos sempre recomeçar para nos acharmos donos de tudo e de todos. Somos erguidos por Ele para, através das nossas sombras, conseguirmos compreender a beleza da Luz. Somos inteiramente restaurados para que tantos e tantas possam voltar à Vida.

 

De que me serve celebrar a Páscoa se não permito que os outros possam ser erguidos? De que me serve acreditar na ressurreição se não elevo a vida dos que convivem comigo? O cristianismo e, em especial, o catolicismo apostólico romano, vive tempos em que anseia pela Sua própria ressurreição, isto é, espera que as suas sextas-feiras santas e os seus sábados santos se tornem, através do silêncio, da escuta e da reflexão, em verdadeiros domingos de Páscoa, em que as suas ações e decisões rompem como verdadeiros raios de Luz e de esperança. E tudo isto começa em nós. Sim, em mim, em ti. Começa nesta capacidade de congregar. Começa neste sentido de união. Começa no reconhecimento da beleza da diferença existente na Igreja, sem nunca desejar extremismos ou regressos ao passado opressor e castigador. Esta esperança e esta Luz começa em mim e em ti. E começa sempre que permitimos que o Espírito Santo, que é indomável e inquieto, se manifesta na novidade de se “fazer novas todas as coisas”.

 

Hoje, mais do que nunca, precisamos de acreditar na ressurreição, principalmente a dos vivos. Sim, porque existem tantos e tantas que vivendo, andam “mortos”. Que vivendo, os deixamos “morrer”. E como podemos ser ressurreição? Como podemos ser “erguedores”? Acredito, profundamente, que a ressurreição acontece numa refeição partilhada, onde os outros nos reconhecem como cristãos pelo partir do pão e pelo vinho da alegria. Acredito, firmemente, que a ressurreição acontece quando lavamos os pés dos que andam cansados, infelizes e inquietos, onde através do nosso acolhimento sentem as suas vidas como novas, lavadas e cheirosas. Acredito, cada vez mais, que a ressurreição é para erguer e deixar-me ser erguido com tudo o que somos deixando que Jesus Cristo costure em nós a alegria de nos sabermos sempre amados e sempre dignos de recomeçar!

Nasceu em 1994. Mestre em Psicologia da Educação e do Desenvolvimento Humano. Psicólogo no Gabinete de Atendimento e Apoio ao Estudante e Coordenador da Pastoral Universitária da Escola Superior de Saúde de Santa Maria. Autor da página ©️Pray to Love, onde desbrava um caminho de encontro consigo mesmo, com o outro e com Deus.

 

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