O Amor libertar-te-á!

Crónicas 25 abril 2023  •  Tempo de Leitura: 3

Os últimos tempos, marcados fortemente, primeiro pela pandemia e depois pela guerra na Ucrânia, levaram-nos a perder algumas das certezas que tínhamos desde o final da Segunda Grande Guerra.

 

O progresso, a melhoria das condições económicas, a segurança, a saúde que nos pareciam indiscutíveis, foram colocados em causa por estes dois acontecimentos, que rasgaram repentinamente o curso da nossa história e colocaram em questão o mundo e os seus equilíbrios. A fragilidade e a imprevisibilidade bateram à porta de homens e mulheres de um Ocidente já pouco habituado a estes sobressaltos.

 

Como se reage nessas situações? Como reorganizar as prioridades? A que novas certezas podemos e devemos apelar? A liberdade serve para quê?

 

«Se permanecerdes na minha palavra, sereis verdadeiramente meus discípulos e conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará". Eles responderam: “Somos a descendência de Abraão e nunca fomos escravos de ninguém. Como podes dizer: “Tornar-vos-eis livres”?». Jo 8, 31-33

 

Há palavras que pesam como rochas. Verdade e liberdade. Jesus dá aos seus discípulos o caminho que vai ao encontro do desejo que todo homem carrega no seu coração: tornar-se livre. É um processo, não uma condição adquirida de uma vez para sempre.

 

Até é difícil de perceber, mas Jesus dá-nos a formula que contraria as nossas expectativas. A liberdade não vem de uma busca autorreferencial, não é fruto de um esforço pessoal. É um verdadeiro encontro que nos liberta, um olhar que nos procura, um abraço que ilumina a nossa vida. Quanto esforço fazemos, tantas vezes, para nos reconhecermos amados!

 

Aos que são tentados a reduzir a liberdade apenas aos seus próprios gostos e às suas próprias escolhas, devemos confrontá-los com a necessidade do amor. A liberdade guiada pelo amor é a única que torna os outros e a nós mesmos livres, que sabe ouvir sem forçar, que sabe amar sem abusar, que constrói e não destrói, que não explora os outros para a própria conveniência e faz o bem sem interesses egoístas.

 

Ser livre não é ter uma vida libertina, segundo o instinto, os desejos individuais ou os próprios impulsos egoístas. Pelo contrário, a liberdade de Jesus leva-nos a estar ao serviço de um outro.

 

Precisamos redescobrir a comunidade. A pandemia ensinou-nos que precisamos uns dos outros. Mas sabê-lo não basta! Deve ser uma escolha concreta de todos os dias.

Licenciado em Teologia. Professor de EMRC. Adora fazer Voluntariado.

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