O Amor libertar-te-á!
Os últimos tempos, marcados fortemente, primeiro pela pandemia e depois pela guerra na Ucrânia, levaram-nos a perder algumas das certezas que tínhamos desde o final da Segunda Grande Guerra.
O progresso, a melhoria das condições económicas, a segurança, a saúde que nos pareciam indiscutíveis, foram colocados em causa por estes dois acontecimentos, que rasgaram repentinamente o curso da nossa história e colocaram em questão o mundo e os seus equilíbrios. A fragilidade e a imprevisibilidade bateram à porta de homens e mulheres de um Ocidente já pouco habituado a estes sobressaltos.
Como se reage nessas situações? Como reorganizar as prioridades? A que novas certezas podemos e devemos apelar? A liberdade serve para quê?
«Se permanecerdes na minha palavra, sereis verdadeiramente meus discípulos e conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará". Eles responderam: “Somos a descendência de Abraão e nunca fomos escravos de ninguém. Como podes dizer: “Tornar-vos-eis livres”?». Jo 8, 31-33
Há palavras que pesam como rochas. Verdade e liberdade. Jesus dá aos seus discípulos o caminho que vai ao encontro do desejo que todo homem carrega no seu coração: tornar-se livre. É um processo, não uma condição adquirida de uma vez para sempre.
Até é difícil de perceber, mas Jesus dá-nos a formula que contraria as nossas expectativas. A liberdade não vem de uma busca autorreferencial, não é fruto de um esforço pessoal. É um verdadeiro encontro que nos liberta, um olhar que nos procura, um abraço que ilumina a nossa vida. Quanto esforço fazemos, tantas vezes, para nos reconhecermos amados!
Aos que são tentados a reduzir a liberdade apenas aos seus próprios gostos e às suas próprias escolhas, devemos confrontá-los com a necessidade do amor. A liberdade guiada pelo amor é a única que torna os outros e a nós mesmos livres, que sabe ouvir sem forçar, que sabe amar sem abusar, que constrói e não destrói, que não explora os outros para a própria conveniência e faz o bem sem interesses egoístas.
Ser livre não é ter uma vida libertina, segundo o instinto, os desejos individuais ou os próprios impulsos egoístas. Pelo contrário, a liberdade de Jesus leva-nos a estar ao serviço de um outro.
Precisamos redescobrir a comunidade. A pandemia ensinou-nos que precisamos uns dos outros. Mas sabê-lo não basta! Deve ser uma escolha concreta de todos os dias.