Não podes esperar! Não fiques de braços cruzados!
Aí está ela, a 37ª Jornada Mundial da Juventude: “Maria levantou-se e partiu apressadamente” (Lc 1,39).
É realmente um momento importante e universal, onde a experiência de ser Igreja pode ser tocada com as mãos!
A novidade desta, para além de ser em Portugal, é certamente a passagem do Evangelho que o Papa Francisco escolheu. É uma frase intimamente ligada ao aspeto juvenil da Igreja. O convite é ser um pouco como Maria, assumir o controle da própria vida, fazendo escolhas e pondo-se a caminho.
É interessante a provocação que brota da decisão de Maria. Perante tantas dúvidas, imprevistos e transtornos que assolam a nossa vida, por vezes a nossa primeira reação é a da imobilidade. Maria, faz exatamente o contrário. Não consegue guardar para si o anúncio que recebeu e sente uma necessidade irreprimível de partilhar, apesar do medo ou das dúvidas que, provavelmente, passaram por sua mente e pelo seu coração. No dizer de D. Tonino Bello «Foi a primeira procissão do Corpus Christi da Igreja».
O tempo histórico que vivemos não é rico em anúncios cheios de alegria e de futuro... Foi a pandemia da Covid-19... Há uma guerra dentro das fronteiras da Europa... Os refugiados continuam a perder a vida no mar... Há uma crise económica provocada pela inflação que deixa muitos a passarem necessidades...
Então, a pergunta é: honestamente, para que alegria podemos levantar-nos e sair com pressa?!
A JMJ é incómoda porque ao envolver-nos, obriga-nos a "levantar" e a "ir". E isso pode mexer connosco, porque trabalhando em nós mesmos, podemos até, tocar em alguns pontos dolorosos.
Como cristãos somos chamados a esta santa inquietação, a nunca nos sentirmos chegados, mas a estarmos sempre a caminho. Quão vivo é o Evangelho que desafia-nos e move-nos, convida-nos a nos levantarmos e a mudar o mundo a partir de nós mesmos.
Não tenho dúvidas que muitas das opiniões contrárias à realização desta JMJ em Lisboa toca este ponto muito pessoal. Ver tantos jovens alegres, sem medo de pronunciar palavras como Jesus, Fé, Maria, Igreja, Papa Francisco, etc..., mexe com a nossa zona de conforto; abala as nossas certezas; estremece as nossas raízes.
Em Lisboa, cristãos e não cristãos, crentes e não crentes, os jovens vão encontrar-se face a face, trocar bandeiras e divisas, aprender a cumprimentarem-se noutras línguas, apertar as mãos uns aos outros e ajoelhar-se ao pé da Cruz. É Jesus quem os e nos chama! É Ele quem quer encontrar-se connosco, com o Papa e com os jovens. Juntos!
E quem sabe se este encontro não se transforma numa provocação para todos e sobretudo uma profecia daquela paz e daquela comunhão de que o mundo inteiro tanto precisa hoje.José Ornelas, presidente da Conferência Episcopal Portuguesa: «Os jovens, a sociedade, o mundo, o planeta precisam deste sinal nosso. Um sinal da presença de Deus, capaz de mobilizar os jovens, mesmo aqueles que não se reconhecem plenamente nesta Igreja, que têm dificuldade em compreendê-la ou que muitas vezes não se sentem por ela compreendidos.» In, Avvenire, 30/07/2023
Boa Jornada!