Não podemos ficar na mesma!
A Igreja portuguesa não pode mais ficar na mesma. Depois desta demonstração de adesão, de harmonia, de união e de alegria dos jovens, a Igreja portuguesa não pode continuar na mesma. Depois de todas as palavras de esperança, de alento e de valorização do espaço de todos na Igreja, por parte do Papa Francisco, a Igreja portuguesa não pode ficar na mesma. Depois de toda a vivência e convivência, nós, Igreja Católica Apostólica Romana, não podemos ficar na mesma. Não podemos continuar a achar que não somos capazes de mais. Não podemos continuar a acreditar que não somos capazes de amar muito mais. Não podemos continuar a acreditar que isto é só para alguns. Não podemos continuar a achar que não somos responsáveis pelo bem de cada um e de cada uma. Não podemos continuar a achar que não somos convidados a fazer a diferença.
A JMJ está a incendiar o que de melhor há na Igreja e na sociedade: a capacidade de reconhecermos que juntos vamos mais longe e que a igualdade acontece na beleza da diversidade. Como poderemos, depois da JMJ, afirmar que não há lugar para todos? Como poderemos, depois da JMJ, afirmar que os jovens não estão disponíveis para a Igreja? Como poderemos, depois da JMJ, continuar a ignorar os mais desfavorecidos e marginalizados da nossa sociedade? Como poderemos, depois da JMJ, não nos sentirmos interpelados a ser e a fazer mais e melhor?
“Há pressa no ar.”. Não nos podemos esquecer disto, não podemos ficar eternamente em êxtase. Depois da JMJ é tempo de continuarmos com pressa, mas sem nos apressarmos, nem nos precipitarmos nos atos e nas palavras. Será tempo de rejuvenescer. Será tempo de dar uma nova forma à Igreja e, para isso, teremos de permitir que o Espírito Santo continue a atuar como tem feito de forma tão bela nesta JMJ.
"Procurar e arriscar: são os dois verbos do peregrino". É, efetivamente, tempo de nos tornarmos peregrinos. Na nossa vida e na vida dos outros. Caminhando lado a lado. Sem julgamentos. Sem fórmulas. Apenas permitir que todos possam fazer caminho e que nesse caminhar possam procurar e arriscar em Deus.
“Também este idoso que vos fala sonha que a vossa geração se torne uma geração de mestres: mestres de humanidade, mestres de compaixão, mestres de novas oportunidades para o planeta e seus habitantes, mestres de esperança. Mestres que defendam a vida do planeta, ameaçada neste momento por uma grave destruição ecológica.”. É tempo de sermos mestres do serviço, dessa humanidade capaz de se compadecer com as necessidades e a realidade de cada pessoa. É tempo de colocarmos o Evangelho em ação, isto é, deixar que tudo o que somos e fazemos seja reflexo dessa Boa Nova capaz de gerar vida em abundância.
Espero e anseio, profundamente, que a JMJ não nos deixe na mesma e que crie um dinamismo capaz de fazer mudanças. E, acima de tudo, que não nos recorde sempre que “Jesus ama-nos desde o nosso nome e rosto. (…) Deus ama-nos como somos, sem maquilhagem”.
Aproveito para desejar a todos os/as iMissianos/as um ótimo tempo de férias. Que seja um tempo de descanso (é necessário pararmos para podermos continuar a caminhar) e de encontro. De encontro connosco. Com os outros. E, claro, com Deus. Boas férias e até setembro!