Neste último fim de semana, tive a felicidade de participar em mais uma edição das Jornadas Marianas Monfortinas: «Com Maria no caminho da Nova Evangelização». Mas que felicidade! Recomendo vivamente. De inscrição livre, decorrem em Fátima no mês de outubro.

Não pretendo discorrer sobre as reflexões ou testemunhos por lá partilhados. Interessa-me dar a conhecer a importância de Maria nos Desígnios da Salvação e como nos pode ajudar. Serve ainda como conclusão deste mês em que celebramos de forma mais intensa a Missão.

São Luís Maria de Montfort apresenta-nos Maria como o “caminho perfeito” para alcançar a Sabedoria, Jesus Cristo. O meio mais eficaz.

Como é que Deus não poderia preparar uma mãe que fosse digna de acolher o seu Filho, o amado, o totalmente santo? Deus sempre pensou nela e a quis, no seu desígnio inescrutável, como uma criatura cheia de graça, isto é, cheia do Seu amor. Embora vivesse no mundo, o mal nela foi derrotado porque Deus a encheu de todas as graças, salvando-a pela Sua misericórdia.

Portanto, olhando para Maria podemos ver a imagem de cada mulher e de cada homem,  tal como Deus pensou e criou no princípio, antes do pecado. Podemos ver o nosso verdadeiro rosto de filhos amados, a nossa verdadeira imagem não desfigurada pelo mal e pelo pecado.

Neste sentido, ela foi a primeira evangelizada e a primeira evangelizadora: recebeu o Verbo no seu seio e partiu apressadamente levando-O a sua prima Isabel.

Talvez não devêssemos ver Maria apenas do ponto de vista sagrado, mas também do ponto de vista humano, a partir da sua inteligência e da sua vontade. Creio que também nos ajudará imenso nesta nossa passagem terrena.

A fé também deve ajudar-nos a observar como Maria, na sua vida, tomou uma série de decisões fundamentais em momentos cruciais e difíceis, muitas vezes com muito pouco tempo para decidir. E isso acontece connosco. Tantas vezes não nos questionamos ou não temos o tempo necessário para discernir e decidir... Maria parece-me a imagem perfeita de como nos inspirar a tomar boas decisões.

A Anunciação, narrada no Evangelho segundo Lucas, é um texto de fundamental importância para perceber Maria nas suas decisões. Esta passagem, a primeira em que aparece Maria, narra a sua vocação, e está na origem de todos os outros acontecimentos da sua vida. É um texto onde aparece particularmente original, porque ao anúncio do Anjo experimenta emoções muito fortes, que a obriga a pensar. A primeira decisão de Maria é, sem dúvida, trabalhar as suas emoções, ou seja, deixar-se questionar por elas, perguntando-se também o significado de tudo isso.

A maior parte das vezes, quando acontece algo fora do normal, nós não o fazemos. Não nos deixamos questionar e reagimos de uma forma muito primária, sem grandes reflexões. Quase sempre a procurar culpados das nossas desventuras, ou a arranjar desculpas pelas decisões erradas.

Quando o Anjo começa a esclarecer qual é o plano de Deus para Maria na história, ela toma a segunda decisão. Verdadeiramente humana. A Virgem faz ao Anjo uma pergunta de fé, perguntando como isso é possível, de que maneira. Maria já tomou a decisão de acreditar, mergulhou no seu papel sem medo e de forma concreta, mas pergunta “Como?”.

A terceira e última decisão desta narrativa está toda contida na palavra: “Aqui estou”. 

Ouvi nestas Jornadas Marianas que existem duas atitudes fundamentais para ajudar a evangelização: Prontidão e Fidelidade.

Vimos e ouvimos nas Jornada Mundiais da Juventude: “Maria levantou-se e partiu apressadamente”. E em 2010 o Papa Bento XVI disse em Fátima: “Fidelidade no tempo é o nome do Amor”.

O “Sim” de Maria mudará completamente a sua vida e, consequentemente, a de toda a humanidade. Também a nossa.

E, como batizados, não temos outra coisa a fazer que não seja: evangelizar.