Testemunhas de Esperança

Crónicas 16 janeiro 2024  •  Tempo de Leitura: 3

Estou consciente de que o tempo histórico que vivemos não está cheio de boas notícias, de anúncios cheios de alegria e de futuro. A pandemia de Covid-19 ainda está viva na memória, e agora assombra-nos a Gripe A. Temos uma guerra em curso nas fronteiras da Europa. É o conflito Israelo-Palestiniano. São os ataques aos Houthis, grupo rebelde do Iémen apoiado pelo Irão, que desde meados de novembro, lançam dezenas de ataques contra navios que navegam no mar Vermelho e no Canal de Suez, uma rota marítima fundamental pela qual passa 12% do comércio mundial. Os migrantes continuam a perder a vida no mar...

 

Tal como toda a humanidade, podemos esperar que este ano seja melhor e que tudo fique bem, ou pelo menos melhor. Mas será que o queremos realmente? Contentamo-nos com esse “espero, mesmo que no fundo não acredite”?

 

Outra hipótese, descartando o pessimismo e o desespero, é ter esperança como cristãos, ou seja, esperar de forma vigilante e diligente que as promessas do Senhor Jesus se cumpram, não só no fim dos tempos, mas também na nossa vida quotidiana, aproveitando as oportunidades para dar testemunho.

A nossa fé, porém, é, na maioria dos casos, incapaz de influenciar as situações concretas, difíceis, complexas e confusas da vida. O mais certo é que estamos um pouco desligados, talvez um pouco medíocres e sem vontade de fazer escolhas que vão contra a corrente. Parece-me que, em alguns casos, somos cristãos de “sala de estar”, como já disse o Papa Francisco, e que as nossas práticas religiosas não dão forma evangélica às nossas vidas.

 

Precisamos do arrojo e da esperança dos primeiros apóstolos: «(André) Foi procurar primeiro o seu irmão Simão e disse-lhe: “Encontrámos o Messias”, que quer dizer Cristo: e levou-o a Jesus.» Jo 1, 41-42a

 

“Obrigado, Senhor, porque não paras de apostar em nós.

Porque não nos humilhas por causa das nossas inépcias?

Porque, na tua opinião, não existe falência que importe.

Porque, apesar das leituras deficientes dos nossos relatos, não nos desesperas.

Pelo contrário, colocaste na nossa alma um desejo tão vivo de recuperação que já vemos o ano novo como um espaço de Esperança e um momento propício para curar os nossos problemas.

Despoja-nos, Senhor, de toda a sombra de arrogância.

Veste-nos com roupas de misericórdia e doçura.

Dá-nos um futuro cheio de graça e luz e um amor irreprimível pela vida.

Ajuda-nos a gastar contigo, tudo o que temos e somos.

E que a Virgem, tua Mãe, amoleça os nossos corações.

Até às lágrimas.

Amém.»

Tonino Bello



Licenciado em Teologia. Professor de EMRC. Adora fazer Voluntariado.

Subscrever Newsletter

Receba os artigos no seu e-mail