Sei dialogar com o meu irmão?

Crónicas 23 janeiro 2024  •  Tempo de Leitura: 3

Quando falamos da unidade dos cristãos, e para que esse diálogo seja útil e esclarecedor, temos que partir desta premissa: Nós, cristãos, somos o povo eleito, o povo escolhido, o povo reunido em nome do Senhor, que pelo seu amor nos salvou e nos salva continuamente. Um povo ao qual o Senhor confiou o Evangelho para que chegue a todo e cada ser humano.

 

Só a partir do encontro com o Amor de Deus que muda a nossa existência, poderemos viver em comunhão com Ele e uns com os outros. Assim, seremos capazes de oferecer a todo o ser humano um testemunho credível, dando conta da esperança que está dentro de nós e testemunhar uma fé adulta, que é capaz de confiar totalmente em Deus numa atitude filial.

 

Uma fé alimentada pela Oração, pela meditação da Palavra de Deus e pelo Estudo das verdades da fé para que a mensagem do Evangelho se aprofunde cada vez mais e chegue a todos. “Amarás ao Senhor teu Deus… e ao teu próximo como a ti mesmo”, é esta frase do Evangelho segundo São Lucas (10, 27), que é o tema do Oitavário de Oração pela Unidade dos Cristãos que, no hemisfério norte, decorre de 18 a 25 de janeiro.

 

Se é verdade que o clima atual, entre as Igrejas Cristãs, não é caracterizado por sentimentos de conflito, nem são autorizadas excomunhões mútuas, por outro, existem ainda muitas diferenças entre católicos e protestantes, especialmente a nível eclesiológico.

 

Basta pensarmos nas diferentes visões da relação entre ministros de culto e leigos, no papel das mulheres, que em muitas das Igrejas da tradição reformada podem hoje ser nomeadas pastoras, e nas diferentes abordagens de algumas questões éticas importantes. 

 

Para haver um diálogo verdadeiro, creio ser necessário acabar com alguns preconceitos de parte a parte: do lado evangélico, evitar um certo complexo de superioridade quando dizem que os Católicos são conservadores; e do lado Católico, abandonar a ideia de que os protestantes estão inclinados a trair os princípios cristãos, para se conformarem com o pensamento predominante ou secular. Todos somos esse povo eleito!

 

No desígnio de Deus a Igreja é chamada a ser una. O que realmente causa escândalo, não é a diversidade das formas que contém, mas a sua constante oposição, a incapacidade de reconhecer o testemunho dos outros estilos eclesiais, o  seu valor. Parece que esquecemos Cristo e o Seu Evangelho! Foi o que aconteceu no século XVI, na época da Reforma. 

 

Na minha opinião, e creio não ser apenas minha, para que o verdadeiro diálogo continue, seria bom que as Igrejas falassem um pouco menos de si mesmas e das suas respetivas estruturas, colocando em primeiro plano aquilo que constitui a razão essencial da sua existência: o anúncio do Evangelho. O anúncio de Jesus Cristo!

 

Rezemos!

Licenciado em Teologia. Professor de EMRC. Adora fazer Voluntariado.

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