As pessoas cata ventos

Crónicas 3 fevereiro 2024  •  Tempo de Leitura: 2

Nem sempre é fácil mantermos a firmeza na defesa das nossas convicções mas temos de lutar por elas e ser fiéis aos valores que acreditamos. Sobre opiniões aceito contudo que podemos mudar de ideias após uma boa conversa, uma leitura mais atenta ou uma reflexão mais demorada. Aceitar que é normal o nosso pensamento evoluir tranquiliza-me, e aceito que é mesmo assim sem culpabilizações desnecessárias: mudei de opinião e pronto!

 

O que não gosto é da atitude das pessoas a que chamo “cata ventos” que mudam de ideias como quem muda de camisola.

 

Quando dou a minha opinião sobre um assunto, ou dou uma sugestão sobre algum processo e as pessoas aceitam e dizem: “boa ideia, tens razão” assumo que a minha sugestão tem algum fundamento e confio que não caiu em saco roto. Mas quando constato que na prática os ventos sopram para outro lado e se mudam ideias sem demais, confesso que tenho mau perder. É claro que a discussão de opiniões é fundamental mas existem pessoas que parece que estão constantemente a mudar de ideias e pensamentos para se ajustar ao que os outros tendem a pensar.

 

Talvez para não arranjar conflitos. Talvez para agradar a todos, correm o risco de não agradar a ninguém.

 

Não é fácil tomar decisões e nem tão pouco mudá-las, mas quando te envolvem no processo de tomada de decisão e alteram os planos marcados, não gostas que te digam alguma coisa? Não gostas que assumam que, apesar da tua opinião, se encontrou outra melhor? Eu gosto! E gosto pouco de pessoas que me acenam com a cabeça numa conversa a dois para depois me negarem num grande grupo.

 

Na senda de sermos amigos de todos, ou de não incomodar os poderosos, corremos o risco de acenarmos muito com a cabeça e darmos falsos sinais, quando na verdade somos impostores e muito pouco leais a nós e aos outros.

 

No entanto, os Cata Ventos só são úteis na brisa, porque na tempestade apenas giram sem orientação alguma.

 

E tu amiga? Gostas de Cata Ventos?

Raquel Rodrigues

Cronista "Cartas a uma amiga"

Raquel Rodrigues nasceu no último ano da década 70 do século passado. Cresceu em graça e em alguma sabedoria, sendo licenciada em Gestão, frequenta o mestrado em Santidade: está no bom caminho!

Aproveita cada oportunidade para refletir sobre os sentimentos que as relações humanas despertam e que, talvez, sejam comuns a muitas pessoas. A sua escrita é fruto da vontade de partilhar os seus estados de alma com a “amiga” que pode bem ser qualquer pessoa que leia com disposição cada uma das suas cartas.

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