A Quaresma não é...
A Quaresma não é um campeonato de merecimentos, nem de cumprimentos. A Quaresma é um tempo para cada um de nós tomar consciência da sua condição humana: necessitada em jejuar o que é supérfluo, preenchida somente com a partilha e realizada através da relação íntima com Deus.
A Quaresma não é um campeonato de objetivos inatingíveis, nem de juras eternas de conversão radical. A Quaresma é um tempo para cada um de nós abraçar a sua condição humana: acolher e respeitar a sua fragilidade, reconhecer os seus limites e amar a Deus com a sua inteireza.
A Quaresma não é um campeonato de proibições, nem de caras de missa de sétimo dia. A Quaresma é um tempo para cada um de nós conhecer mais profundamente a sua condição humana: aprofundar o sentido e o significado da fé na nossa vida, reconhecer que há mais beleza na fé quando esta é vivida em liberdade e compreender que é a alegria e o amor que nos permite sempre recomeçar.
A Quaresma não é um campeonato de rituais, nem de imposições de medo. A Quaresma é um tempo para cada um de nós amadurecer a sua fé. É uma oportunidade para interpretarmos os simbolismos e os gestos. É uma possibilidade de reconhecermos que somos seres que rezamos com o corpo. É um momento para saborearmos os silêncios da nossa vida.
A Quaresma não é um campeonato de pesos, nem de culpa. A Quaresma é um tempo para nos libertarmos do que fomos. É uma oportunidade para reerguermos e para sermos reerguidos. É uma possibilidade de permitirmos que o perdão e a misericórdia sejam a nossa maior motivação. É um momento para darmos a conhecer ao mundo que não há nada suficientemente morto que Deus não possa ressuscitar.
A Quaresma não é, nem poderá ser um tempo para nos sentirmos indignos ou falhados. A Quaresma deve ser, isso sim, um tempo onde jejuamos o que não nos completa, onde partilhamos o que nada detemos e onde rezamos pelo tanto que ainda temos de caminhar!
Se a Quaresma te amedronta e te deixa apenas com o sentimento deprimente de falhanço, questiona-te: estarei a caminhar livremente para Deus ou a praticar a doutrina do medo?