A oração não é algo a dizer ou a fazer...

Crónicas 12 março 2024  •  Tempo de Leitura: 3

Este ano a iniciativa 24 horas para o Senhor, parece-me ter passado um pouco despercebida... E posso falar por mim, perdido entre afazeres.

 

No entanto, já na sua 11ª edição, ela pretende dar concretude à importância da oração. Ao diálogo com Deus. E este ano é particularmente significativa porque se insere no Ano de Oração em preparação ao Jubileu ordinário de 2025. O lema escolhido pelo Papa, é retirado de Romanos 6: “Caminhar numa vida nova”

 

A oração não é algo a dizer ou a fazer, mas uma relação com o Senhor feita de familiaridade e amizade.

 

A maior parte das vezes, talvez estejamos demasiado preocupados em dizer palavras, mesmo que sejam importantes, e menos em entrar, em estar numa proximidade emocional e sincera. Mas é esta que nos abre à confiança e à entrega do que somos e do que estamos a viver.

 

Portanto, antes mesmo das palavras que pronunciamos, é importante como e o que nos move, o que nos impulsiona a falar com Deus.

 

Se estivermos convencidos de que Ele está próximo, que nos ama, a relação cresce em profundidade porque nasce do nosso coração. 

 

Se ele for um juiz, a nossa oração poderá ser marcada pelo medo, pelo julgamento, pela distância e os nossos gestos e escolhas poderão estar na lógica de ganhar a salvação. Não é assim que fazemos com os outros?...

 

Se, porém, o Senhor tem o rosto de um Pai, a nossa oração será na lógica da confiança, da entrega da nossa vida quotidiana e do pedido de ajuda para viver melhor o nosso caminho, certos de que o olhar da misericórdia e do amor de Deus nos acompanha diariamente e é dom de salvação.

 

Por isso é que, rezar uns pelos outros é um verdadeiro serviço de caridade. A primeira comunhão na Igreja é a dos bens espirituais, a comunhão dos santos, isto é, das coisas santas. O que os irmãos e irmãs precisam? Precisamente do amor de Deus que o Espírito Santo derrama nos corações. cf. Rm 5.1

 

É precisamente na oração que se supera a primeira indiferença, porque cada um não pede por si, mas pelos outros, especialmente para aqueles que estão em provação, dificuldade ou necessidade. «Orai uns pelos outros para serem curados.» Tiago 5,16

 

Um alerta que nos deixa o padre Luigi Maria Epicoco: Quando é que a oração corre o risco de se tornar pagã?

 

«Quando tendes a pensar que serve para convencer Deus a estar ao nosso lado, a amar-nos e a ajudar-nos. Deus já está convencido disso, a oração é uma forma de fazer funcionar o amor, que já nos foi dado. Não é uma maneira de convencer Deus a nos amar. Quando não estamos convencidos do amor de Deus, estamos na esfera do paganismo».

Licenciado em Teologia. Professor de EMRC. Adora fazer Voluntariado.

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