É muito mais do que uma atração turística!

Crónicas 26 março 2024  •  Tempo de Leitura: 4

O Papa Francisco não leu a homilia que tinha preparado para o Domingo de Ramos. Para além de toda a especulação que daí surgiu, uma coisa é certa: o seu silêncio é muito mais significativo.

 

Sim, estamos na Semana Maior do Cristianismo! Só no silêncio se pode contemplar verdadeiramente o Mistério da Paixão, Morte e Ressurreição de Jesus Cristo: «E, se Cristo não ressuscitou, logo é vã a nossa pregação, e também é vã a vossa fé.» 1 Coríntios 15, 14.

A Páscoa adverte-nos que a morte não é o final de tudo. Na verdade, testemunha que Jesus, como homem, mas também como filho de Deus, voltou e fê-lo por amor a todos. É este o mistério pascal: diante da morte descobrimos o sentido do sentido. A Páscoa é sobretudo a vitória do amor sobre a morte.

 

Quando dizemos a alguém "eu amo-te", fixamos esse sentimento na eternidade. Se não tivermos a esperança da vida no amor de Deus, se a morte continuar a ser o limite, será difícil encontrar a paz.

 

E hoje, o que significa falar da Ressurreição e da Páscoa? Na Ucrânia, na Terra Santa, os Hutis no Mar Vermelho, Burkina Faso, Somália, Sudão, lêmen, Mianmar, Nigéria e Síria... É necessário regressar à Cruz. Não há Páscoa sem Paixão!

Da Páscoa, do coração ferido de Cristo, devemos recuperar de novo a força e a frescura da mensagem de paz de que todos necessitamos. Por isso, nós cristãos, sentimos a necessidade de parar por momentos, de nos afastarmos dos slogans e dos clichés e olharmos para a Paz que nasce no Calvário, o lugar do perdão de Cristo.

 

João Paulo Il disse que não há paz sem justiça, não há justiça sem perdão. Precisamos começar sempre a partir daqui.

 

Por esta razão, na Semana Santa e, particularmente no Tríduo Pascal, rezamos de forma diferente do habitual, fazemos silêncio contemplativo, realizamos ritos evocativos, e que não são a representação de um acontecimento folclórico. A Semana Santa vivida dessa forma, não passa de uma atração turística. Os cristãos, nas suas celebrações participam dos acontecimentos da Paixão e Morte de Jesus. Participam no ato redentor, pacificador de Jesus, que se realiza ainda hoje.

Não é uma imitação, um teatro de rua. É a compreensão profunda de uma vida que oferece amor sem medida. Jesus, que viveu amando, amou até o fim, aceitando a morte sem se defender, solidário com todas as vítimas da história, vítimas da injustiça e da maldade dos seus irmãos.

 

A Semana Maior do cristianismo exige-nos que sejamos cristãos de facto: quando nos reconhecemos na nossa pequenez; quando nos reconciliamos com os nossos irmãos; quando procuramos a paz; quando rezamos pela paz; quando perdoamos; quando somos esperançosos; quando amamos.

 

Urge coerência entre o que se cré e o que se vive!

Licenciado em Teologia. Professor de EMRC. Adora fazer Voluntariado.

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