Rezamos pela paz e é o que se vê...?
Encontramo-nos num momento histórico muito sombrio e por vezes é muito difícil continuar a acreditar no bem, na vida, no amor. Talvez, hoje mais do que nunca, seja tão difícil encontrar de novo a confiança, a esperança. Até a oração sofre as repercussões: Rezamos pela paz e é o que se vê!
«Chega de guerra, chega de ataques, chega de violência! Sim ao diálogo e sim à paz!» Foi o grito pela paz lançado pelo Papa Francisco no passado domingo depois de conduzir a oração Regina Coeli.
Este novo apelo do Pontífice surgiu após o ataque lançado por Teerão ao Estado judeu na noite de sábado. «Acompanho em oração e com preocupação, até com dor, as notícias que chegaram nas últimas horas sobre o agravamento da situação em Israel devido à intervenção do Irão. Faço um apelo sincero para parar qualquer ação que possa alimentar uma espiral de violência com o risco de arrastar o Médio Oriente para uma guerra ainda maior».
De facto, o Papa Francisco parece nunca se cansar de pedir a paz. Já são inúmeras as vezes, que o bispo de Roma implora e convida à oração pelos países em guerra e pela resolução pacífica desses conflitos. O seu pensamento está sempre com aquelas terras atormentadas.
Não desiste, insiste, mesmo parecendo não ser ouvido. Ele sabe bem que desistir seria ceder à lógica do mal, da guerra, das injustiças globais. E isso será realmente o fim!
É um amor desmedido por toda a humanidade. É um desejo imperioso e irresistível de que todos vivam a sua vida de forma digna e plena. É um forte sentido de responsabilidade diante de Deus e do Homem, de cada ser humano.
Com Francisco podemos aprender a não desistir, a continuar, a insistir em fazer o bem mesmo que os frutos demorem a chegar. Aprendemos a não ter medo de exortar a começar antes de mais, por nós mesmos, e depois a quem vive ao nosso lado, a caminhar no caminho do Evangelho. E lentamente, paulatinamente, o bem anunciado com paciência e semeado com perseverança brotará e produzirá os seus frutos.
Meditemos nas palavras do Patriarca de Jerusalém, Pierbattista Pizzaballa, que vive em primeira mão esta situação de violência absurda:
«A esperança não depende de circunstâncias externas, mas é uma atitude interna e pessoal! As circunstâncias externas podem mudar, mas a esperança não depende das circunstâncias; é, na verdade, uma forma de estar na vida, e depende de como me posiciono, com que espírito estou nas situações. A esperança é filha da fé: se tu tens muita confiança em Deus, confiança nas pessoas, confiança num projeto, confiança numa ideia e também queres concretizá-la e não há nada que te possa impedir; os obstáculos tornam-se superáveis, porque há algo maior que te empurra e que te faz ver já em andamento o que tu amas e acreditas. Não devemos permitir que circunstâncias externas, a guerra, definam, decidam e orientem as decisões do nosso coração, os nossos desejos».